‘O Barquinho’ – 60 anos navegando com leveza

O Japão é hoje, seguramente, o país em que mais se ouve música brasileira fora daqui e a Bossa Nova é um dos gêneros mais apreciados por eles. Artistas remanescentes do movimento vão periodicamente à terra do sol nascente para encarar concorridas agendas de shows, entrevistas no melhor estilo de pop stars. 

O cantor, compositor, instrumentista Roberto Menescal é um dos responsáveis por essa movimentação, desde que lá esteve com a inseparável amiga Nara Leão (1942-1989). Podemos dizer, sem exageros, que seu papel para a difusão da música e cultura brasileiras no arquipélago equivale ao de Zico na popularização do futebol por lá. Não à toa, os dois criaram a Zicolabel, um selo fonográfico para distribuir álbuns brasileiros no extremo oriente. Às vésperas de mais um aniversário (25/10), o artista ganhou um belo presente de seus fãs japoneses: artistas e músicos locais acompanharam o brasileiro numa versão para a antológica “O Barquinho” (Menescal e Ronaldo Bôscoli), que está completando 60 anos. A estreia mundial do clipe será nesta quinta (22) no canal do artista no Youtube.

Roberto Menescal celebra os 60 anos de sua mais famosa canção com artistas japoneses – Foto: Quinho Mibach/Divulgação

Em plena pandemia mundial, nove músicos japoneses se uniram para homenagear o compositor e gravaram a canção em português, a pedido do homenageado. E assim Akiko Morishita, Michinari Usuda Noriko Ito, Sachiko Yoshino, Nina, Yoshiro Nakamura, Tomoko Nunokami, Saigenji e Kumi Hara fizeram, gravando de suas casas. Com boa desenvoltura, eles deslizam pelos deliciosos versos desta canção, que é um patrimônio da música brasileira e do jeito carioca de ser.

Com arranjo de Menescal, produção musical do músico e produtor musical japonês, Kazuo Yoshida, com direção e edição do cineasta paulistano Fred Freitas, a versão de “O barquinho” teve ainda a participação dos instrumentistas Kasuo Yoshida (bateria) e Kiichiro Komobuchi (contrabaixo). Completam o time, o tecladista brasileiro Adriano Souza e Menescal na guitarra e voz. O clipe demorou três meses para ser finalizado. Todos gravaram de casa e a mixagem do som ficou a cargo do filho de Menescal, Márcio Menescal, que também é músico e fundador do grupo BossaCucaNova. A produção e idealização foi de Giselle Kfuri.

Com quase 3 mil gravações em múltiplos idiomas como inglês, espanhol, castelhano, japonês, coreano, francês, italiano e obviamente português, o clássico da Bossa Nova já foi regravado por artistas internacionais como Andy Summers (The Police), Lisa Ono, Peggy Lee, Toots Thilemans, Joan Chamorro, Giada Valenti, Herbie Mann, Yasuko Agawa, Ann Sally, Kiyoshi Hasegawa, entre outros. Entre os brasileiros, já ganhou leituras de Tom Jobim, João Gilberto, Maysa, Elis Regina, Nara Leão, Tim Maia, Emílio Santiago, Toquinho, Eliane Elias, Sandy, Leila Pinheiro, Zizi Possi, Fernanda Takai e uma longa lista. Vejam aqui algumas dessas versões:

 

 

Foto divulgação