Amanhã todos deveriam sonhar

Que estética linda! Um audiovisual perfeito, com explosão de cores fascinantes.

Iluminação perfeita e áudio funcional, ouve-se bem as atrizes, que simplesmente mergulham na arte cênica com perfeição. Tudo muito bem elaborado.

O texto apresenta duas mulheres sobreviventes do caos, mas tudo muitíssimo mágico, encantador, as atrizes se embrenham com doçura no recomeço. As boas energias são trazidas por meio de narrativas delicadas, e toda essa sensibilidade alcança os espectadores, pois a peste, devastadora de sonhos e vidas, assola milhares e milhares de pessoas, as lagrimas estão pesadas e, como represas, seguem o curso do que parece inacabável. Mas o teatro vem secar as lágrimas, conforta com fé, tenta bloquear toda dor, que invade sem piedade.

As atrizes ultrapassam o limite do bom trabalho. Inacreditáveis expressões faciais, que se comunicam com os espectadores. Parecem seres místicos, feéricas.

As relações humanas trazidas para análises mais profundas de tudo que o mundo vivencia. Que coisa linda a síntese!

A atriz Lilian Blanc é uma delícia, hora debochada, hora madura. Tuna Dwek parece assumir um papel mais jovem, mais sonhadora e revoluciona frente o momento pandêmico, contribuindo significativamente com a história do teatro.

O figurino artesanal, criado pela diretora Cristina Cavalcanti é de uma graciosidade ímpar, caiu bem para as duas mulheres, performáticas, que tanto carregam em si, tanto…

Um texto sem o artista cênico é vazio, isso é fato. Um texto com bons artistas cênicos, simplesmente leva a prazeres inenarráveis, leva a emoções indescritíveis. É esse o caso.

As vozes das atrizes estão muito bem colocadas, contextualizam a vida e na dose de emoção certa, para cada espectador. O sonho e a realidade são discutidos o tempo inteiro pelas personagens. A vida, o tempo, as sensações, os sentimentos.

É Clóvys Torres alimentando a alma por intermédio de seus escritos. É simplesmente Becket de volta, com o seu absurdo, ou ionesco, com rinocerontes soltos por aí, mas ao mesmo tempo inunda de esperança. Clóvys foi convidado a escrever o espetáculo por Tuna Dwek e aceitou, ambos acertaram em cheio!

É essa peste, que cerca e corrói a sociedade e os relacionamentos, e leva ao limite. É a arte e seus encantos que salvam.

O espetáculo está participando da 1ª Mostra de Teatro On-Line da Associação de Produtores Teatrais Independentes (APTI). A iniciativa é para arrecadar dinheiro para o Fundo Marlene Colé, que vem apoiando os profissionais das artes cênicas, durante a pandemia. Todo o valor arrecadado será usado para auxiliar mais de 30 mil famílias de profissionais da cultura, do Estado de São Paulo, afetados neste período.

Fotos Priscila Prade

1ª MOSTRA DE TEATRO ON-LINE APTI

AMANHÃ EU VOU

On-line

Dias 17 e 18/7

Ingressos: R$ 25, R$ 50 e R$ 100 (a escolher)

Vendas: www.apti.org.br/mostra-de-teatro

FICHA TÉCNICA

Espetáculo: “Amanhã Eu Vou”
Texto: Clóvys Torres
Elenco: Lilian Blanc e Tuna Dwek
Direção: Cristina Cavalcanti
Iluminação: Rodrigo Menck
Trilha sonora:  Igor Souza
Cenografia: Cristina Cavalcanti
Cenotecnia: Murillo Carraro
Técnica de luz: Sylvie Laila e Jean Marcel
Operação de luz: Sylvie Laila
Assistência de direção e produção: Henrique Pina
Fotografia: Priscila Prade
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro
Redes sociais: Igor Ludac
Captação de vídeo: PDP Filmes
Cinegrafistas: Ícarus Cardoso, Rafael Torres e Raíssa Fiorin
Montagem e finalização: Rodrigo Menck
Mixagem e masterização: Eduardo Aguiar
Apoio à captação de vídeo e streaming: Selene Marinho e SM Arte Cultura
Produção: Clóvys Torres
Realização: Clóvys Torres e Visceral Companhia