Júlio Verne aporta no Rio

Se tem uma companhia teatral que entende de Teatro, essa é a Cia. Solas de Vento. O assessor de imprensa Ney Motta apresenta o espetáculo como infantil, mas é possível ouvir as gargalhadas dos adultos durante todo o espetáculo. Ney divulga que essa obra-prima, remontada numa trilogia, é para o mundo, para o universo! Não só a primeira parte da trilogia — Volta ao Mundo em Oitenta Dias, também apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil, mas também nesta segunda montagem feita de uma famosa obra de Júlio Verne, ‘Viagem ao Centro da Terra’, lançada em 1864 e considerada um dos grandes clássicos da ficção científica. Mais uma vez o espetáculo é abraçado pelos espectadores. Sem contar o silêncio que a plateia fica, ao contemplar a estética visual dos artistas no palco! É incrível como o elenco apresenta a obra.

“A divertida trama de ‘Viagem ao Centro da Terra’ apresenta o jovem Axel e seu tio Otto Lindenbrock, um geólogo apaixonado pelos mistérios do planeta, que juntos descobrem um caminho que os levará até o Centro da Terra. Apesar do medo, Axel é promovido a assistente e acompanha o seu tio nessa aventura. A dupla é auxiliada por Hans, um engraçado guia islandês, que os protege dos perigos do mundo subterrâneo. Tempestades, florestas, dinossauros, erupções e outros obstáculos fazem parte dos desafios e descobertas que transformarão para sempre a vida destes aventureiros.” (Sinopse)

O que se vê no palco é digno de palmas, e é possível compreender porque em 2015, ‘Viagem ao Centro da Terra’ foi indicado ao prêmio São Paulo de Teatro infantil e Jovem, nas categorias Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Ator e Melhor Espetáculo.

Tudo é imprevisível demais nessa montagem. Um magnífico show realizado pelos artistas, principalmente sabendo que eles também foram os responsáveis por toda montagem da obra, até mesmo pela cenografia e pelos objetos de cena. Ricardo Rodrigues é circense e ultrapassa o limite do saber fazer movimentos fortes durante sua encenação, assim como suas expressões faciais são um desbunde, marcantes demais. Bruno Rudolf, artista francês mais brasileiro que existe, tem carisma com o público e se faz imenso diante de suas personagens, nesse ele também atua como a namorada de um dos personagens. André Schulle apresenta o personagem que ajuda os outros a chegarem ao centro da terra, por um vulcão. Ele e seu jargão aproximam os artistas do público, tudo por um sonoro grito, “Ni”!

Os figurinos são lindos e o cenário também. As cores no tom terracota avermelhado estão perfeitas no palco. Tudo numa pegada tão diferenciada, banhada de criatividade, que todos aplaudem. O vulcão elaborado com tecido deixa a plateia embasbacada. Ainda mais quando entra em erupção e papéis luminosos vermelhos expulsam três bonecos réplicas dos personagens. Um espetáculo divino! Os atores utilizam técnicas acrobáticas, do teatro físico e também da manipulação de objetos e bonecos, tudo muito bem orquestrado. Encantador!

“Trata-se de uma das mais movimentadas montagens da atual temporada, que mescla muita energia e potência ao uso do audiovisual ao vivo, teatro físico e manipulação de objetos e bonecos. No elenco, Andre Schulle, Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues dão conta do recado com talentos múltiplos, sem nunca deixar cair o ritmo.” (Dib Carneiro, sobre Viagem ao Centro da Terra, na Revista Crescer, 2015).

A quarta parede, nesse segundo espetáculo, tende a não ser quebrada, mas como calar crianças ensandecidas na plateia?

Em alguns momentos do espetáculo, artistas se unem ao público e “brincam de eco”, lindo ver adultos ecoando as palavras, fascinante ver suas almas infantis sendo acordadas! Puro magnetismo, não há outra explicação para a façanha de conquistar a todos, crianças e adultos, presentes na plateia.

Em um certo momento, eles voltam para casa e simplesmente constroem um barco no palco, um barco com um alto mastro, que neles se dependuram, e fica impossível não aplaudir.

Que beleza! Que obra! Vida longa à companhia teatral Solas de Vento! A beleza desse elenco é descomunal.  São exuberantes, assisti-los é tudo de bom e um pouco mais. Mais de 90 minutos de espetáculo passam sem perceber, melhor ainda, sem que os pequenos percebam, eles ficam hipnotizados.

Um verdadeiro show, com artistas potentes mergulhados em seus ofícios, artistas embebecidos de arte presenteiam os espectadores com o que há de melhor nas artes cênicas!

O resultado de tanta arte? São ovacionados ao término do espetáculo!

Não poderia ser diferente.

FICHA TÉCNICA

Idealização: Cia. Solas De Vento

Criação: André Schulle, Bobby Baq, Bruno Rudolf, Eric Nowinski e Ricardo Rodrigues

Direção: Eric Nowinski

Dramaturgia: Bobby Baq (em colaboração com o diretor e o elenco)

Elenco: André Schulle, Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues

Direção de Arte: Isabela Teles

Desenho de Luz: Roseli Marttinely e Eric Nowinski

Trilha Original: André Vac

Cenografia: Cia. Solas De Vento e Luana Alves

Figurinos: Isabela Teles

Objetos de Cena: Nonon Creaturas

Eletrônica de Adereços: Marcel Alani Gilber

Preparação Vocal e Corporal: Beatriz Mentone

Assessoria de Imprensa: Ney Motta

Operação de Luz: Marcel Alani Gilber

Operação de Som: Luana Alves

Operação de Video: Bobby Baq

Produção de Arte: Sandra Miyazawa

Realização: Cia Solas de Vento

Fotos de Divulgação: Mariana Chama

VIAGEM AO CENTRO DA TERRA

Temporada até 29/5

Centro Cultural Banco do Brasil  (Teatro II)

Rua Primeiro de Março, 66, Centro

Sábados e domingos, às 16h

Classificação 5 anos

Duração 70 min

Ingressos R$ 30 e R$15 (meia)

Compre na bilheteria ou pelo site https:

www.eventim.com.br/artist/viagensextraordinarias-ccbbrj/

No dia 28/5 a apresentação será com intérprete de Libras

Informações (21) 3808-2020