Vivemos em redomas, segmentados, cerceados por limites e fronteiras invisíveis, porém, bem definidas. Quanto maior o debate sobre inclusão, interação e igualdade, mais perceptível o distanciamento entre classes sociais, entre asfalto e favela, entre pobre e rico. Uma tênue relação, com interesses próprios e prioridades distintas. Mas a realidade da vida cotidiana de todo cidadão se esbarra nas mesmas necessidades primordiais: saúde, educação, cidadania, democracia. Os debates, muitas vezes, também convergem no mesmo ponto, apesar, quase sempre, da nítida divergência de opiniões. Seja de que lado for, há que prevalecer o bom senso e o interesse da maioria. Somos peças do mesmo tabuleiro, mas às vezes, a mesa desnivelada, despenca para um dos lados. O jogo político camufla sórdidos interesses e, quase sempre, tenta manipular. O povo, mesmo convivendo entre as linhas divisórias sociais, de ambos os lados, busca dignidade de ter respeitado os seus direitos. Não importa poder aquisitivo, status social, formação ou escolaridade. Todos querem ser ouvidos e respeitados. Tanta briga, tanto descaso por parte do poder público. O mundo virtual, costumeiramente, deflagra agressividade, desrespeito às opiniões alheias, radicalismo. Certamente, o pior caminho para um debate saudável. Por várias vezes, surge o pior sentimento que pode haver, dentre todos esses já mencionados, a intolerância. Quando o ser humano chega a esse ponto, ele perde o limite da razão, da moral, da coerência. Julga, denigre e ridiculariza o outro, que pensa e age diferente, ou crê diferente. A liberdade de escolha, ao invés de respeitada, é ignorada. Quando o diferente parece ameaçar os próprios preceitos e a pessoa não sabe lidar com isso, ela violenta o outro, num desrespeito cego. O resultado da intolerância é a dor, profunda, latejante, de ambos os lados. Porque, em algum momento de sanidade, aquele que discrimina, ofende e ataca, também sofre. Sofrem todos, sofre a sociedade. Vivemos nesse mundo cruel, preconceituoso e tão repleto de disparidades, contrates e perplexidades. Um mundo multicolorido, que às vezes, esmaece em vermelho-sangue. Não basta o mundo ser colorido, se a cegueira não permite vê-lo.
Não basta querer a paz, se a guerra é implícita e está dentro de cada um.
Para que tenhamos um mundo melhor para todos e um futuro pleno e justo para as próximas gerações, a mudança precisa acontecer, de dentro para fora. No reconhecimento das próprias limitações e no entendimento do outro. Respeite, para ser respeitado. Art. 5º da Constituição Federal: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”