Nova semana aqui no Sabor Carioca, e dessa vez trago para vocês não só um restaurante, mas também uma experiência cultural. O EME Arte e Gastrô, localizado na rua do Carmo 55, no Centro da cidade, é um restaurante super intimista e que, frequentemente, tem exposições em seu salão. Antes de falar da experiência que tive, é super importante ressaltar o passado do local. Em um bairro tradicional cheio de história, o restaurante fundado em 1968, com nome de Beco do Carmo, passou por uma reforma e foi rebatizado, em 2017. O local que já tem mais de meio século de história, já foi responsável por diversas ações sociais e exala arte em seu ambiente. Desde peças garimpadas em feiras de antiguidades, até peças com valores imensuráveis, no salão bem decorado, cultura e arte em todo canto. Atualmente, a decoração foi realizada pela artista Mônica Carvalho, que retrata a natureza em suas obras. A artista tem diversos trabalhos ligados às tribos indígenas, trabalhando diversas vezes em campo, ela traz peças com todo esse acervo cultural ao estabelecimento. O salão é lindo vai além das artes expostas, os tons das paredes e das cadeiras dão um ar moderno e elegante ao local. A casa, à primeira vista, fica um pouco escondida na rua do Carmo, sendo visível apenas uma portinha, na realidade um elevador, que leva ao primeiro andar, onde está situado o restaurante.
Minha visita foi marcada por um impacto já ao entrar, ao me deparar com a beleza e o tamanho do local, fato que não esperava por conta da modesta entrada já mencionada. Assim que sentei, já me foi servido como “amuse bouche”, um creme de batata com ervas, que estava bem quentinho e saboroso. Essa etapa de serviço, surge com a Nouvelle Cuisine francesa e vem antes da etapa da entrada, como uma carícia à boca. Esse creme de batata abre o apetite e logo em seguida já pedi a entrada sugerida pelo simpático chef Botinno Natale. Vale dizer que Natalle faz questão de ir às mesas cumprimentar seus clientes, além de se dispor a ajudar. A entrada que pedi para dividir com minha namorada foi o Brie recheado com tomate seco e trufa com molho Périgueux (R$ 43). O prato vem bem servido para dividir e é acompanhado de torradinhas. O gosto do queijo é bem presente e se destaca em relação ao gosto da trufa, que fica em segundo plano. As torradinhas estavam bem saborosas e quase todas crocantes. O tomate seco combina bem com todo o prato que tem seu sabor elevado por conta do molho Périgueux. Esse molho tem um delicioso gosto trufado e o vinho branco também se faz presente ao paladar. Nos pratos principais, segui a recomendação da casa e minha namorada foi em uma escolha própria. Os escolhidos para essa degustação foram a paleta de cordeiro no seu jus com risoto de beterraba assada e queijo de cabra (R$ 78), e a Cavaquinha grelhada, creme de lagostim com champagne e linguine de pupunha e ervas (R$ 79). O cordeiro estava muito bem temperado, com o gosto marcante das especiarias, e bem cozido, desfiando ao passar apenas o garfo. O risoto tinha o gosto bem presente de beterraba, que combina bem com a proteína. O ponto do arroz acabou passando um pouco, mas longe de ser um grande problema na avaliação final do prato. O jus de cordeiro estava com gosto bem concentrado de todo o tempero maravilhoso colocado na carne. A cavaquinha estava super macia e no ponto correto não só de cozimento como de tempero. O macarrão linguine de pupunha estava muito saboroso também, com o cozimento ao dente, além de um ótimo sabor das ervas. O molho de lagostim foi o ponto principal do prato, estava fantástico. De sobremesa, o Petit gateau de doce de leite (R$ 25) possuía a casquinha deliciosa oriunda da combinação da manteiga e açúcar na massa. O sorvete de chocolate belga completa com maestria o prato. A segunda sobremesa solicitada foi o Crocante de chocolate belga (R$ 27). Super bem servido, o doce se trata de um cremoso chocolate envolto em uma fina massa harumaki, acompanha sorvete de chocolate belga e coulis de fruta vermelha. O destaque aqui vai para a textura do chocolate, onde se era possível fazer um corte suave, lembrando um pouco a textura de um sorvete, porém servido quente. De bebida experimentei a Caipisake de abacaxi (R$ 26) bem leve e com o gosto da fruta presente ao final de cada gole. A Gin Tônica (R$ 27) também estava muito boa e vem com os aromatizantes tradicionais, zimbro e alecrim.
O restaurante tem todo dia um prato chamado “EME por menos” (R$ 47), onde o chef seleciona uma de suas obras para colocar a um preço mais acessível, sem perder a qualidade ou diminuir a quantidade. Durante minha visita, o Polvo com farofa de panceta e batatas calabresa, prato EME do dia, saiu diversas vezes para inúmeros clientes, que ocuparam a totalidade do salão. Com o salão repleto de trabalhadores do centro da cidade, o serviço se manteve impecável e de pronto atendimento, sempre com simpatia e agilidade. O ar condicionado do local funciona no talo, o que é excelente para aqueles que estão de roupa social em um dia quente. Porém, como os pratos acompanham molhos, o ar pode acabar gelando um pouco a comida caso demore a consumi-la.
No final de minha experiência, pude conhecer a Mônica e participei ainda de uma imersão artística onde foi possível trazer para casa um pente de tigre, um búzio, um olho de boi e uma frase inspiradora. Todos esses aparatos são justamente para essa obra interativa e servem de recordação para a grande experiência que é almoçar no EME.
Esse foi mais um achado gastronômico nesta cidade tão rica em cultura que vivemos. Espero que tenham gostado e que consigam visitar o restaurante, pois tenho certeza que irão se surpreender não só com a comida, mas com toda atmosfera local. Semana que vem, volto para contar a vocês sobre uma ótima opção bem pertinho da praia.