Festa de solteiro

Neste mês de janeiro, mais precisamente no último dia 5, fiz um ano publicando crônicas neste querido Jornal Portal. Para celebrar a data querida, publico um texto que fala de aniversariantes. Ainda que em uma situação bem específica, acho que vale para marcar esse ciclo, que já gerou um marco, mas que continua em frente.

Fazer aniversário estando solteiro é complicado. Não, não estou falando de não ganhar presentes bacanas, pagos em várias vezes com juros e juras de amor. Eu estou aqui para falar de festa.

Você arma aquela comemoração para juntar os amigos e, de quebra, vêm os amigados. Os cachos. Os cruzos. Os crushs. Os rolos. Os enrolos. Aí, quem se enrola é você.

E a festa rolando, o bar bombando, a social completa, a cerva comendo e você ali, tendo que dar atenção a dois, três – ou até mais – afetos. Haja coração, amigo!

Um caso é mais antigo, mas você sabe que o futuro não é para sempre. Todavia, merece moral, atenção, afinal, esteve ao seu lado numa fase ruim. Sempre te atende para tudo.

O outro rolo também não é tão novo, mas é menos constante, menos problema, mais amor. Por favor. Merece atendimento preferencial. Mas se você pegar ali, na frente de todo mundo, vai passar recibo de algo mais e os outros a mais vão ficar de menos com você. Certamente a cobrança vai ser alta. Vai pagar pelo que fez e pelo que não fez.

Sempre tem aquele cruzo recente. Desejo pegando fogo. Aí rola o receio da pulada de fila: se você ainda não pegou os casos antigos para não parecer que é namoro, por que pegar no cacho novo? O amor espera. Isso serve, também, para os flertes em processo de gestação. Vai nascer, pode confiar, meu bem.

A saída, para muitos, é a escapada. Você fica aqui, ali, de bar em bar, de mesa em mesa, dando atenção aos amigos e às amigas, aos casos e acasos. Na primeira brecha do destino, o ataque. “Vai no banheiro pra gente se beijar, bem lá no escurinho pra ninguém desconfiar”, como toca o já velho sertanejo universitário. É só festa, “vamos voltar para perto da galera. Que bom que você veio celebrar comigo”, sussurra o aniversariante.

Assim, você leva. Vai aqui, vai ali, garante que não vai perder nenhum contato por aí. Todo mundo ganha, parece jogo de compadre. Na volta para casa, você escolhe um para se achar. Mas sem perder os outros de vista.

Pensando bem, fazer aniversário solteiro nem é tão complicado. É questão de administrar. Ganhar um pouquinho de cada, retribuir, e não perder nada no final. Até porque, ano que vem pode ter mais.

Evidentemente, a crônica vale para todos, todas e todes. Desde que você esteja numa tranquila, numa relax, numa boa e não esteja magoando ninguém, jogando limpo e deixando às claras que, no momento, quer ficar solteiro ou solteira. Aí, é só alegria.