Um espetáculo, recomendado pela Folha de São Paulo, que pousou, no teatro Poeira, vindo direto de São Paulo, em 2020.
A atriz Fani Feldman orquestra com maestria sua encenação. Impossível não admirar também figurino, iluminação, expressão facial e corporal, a voz que ecoa com toda força. Um solo avassalador!
O espetáculo retrata a violência contra a mulher, de maneira não apelativa e com um desfecho atípico, inesperado.
O suspense é uma nota presente durante todo o espetáculo. Disfunções familiares fazem parte dos temas abordados e suas resultantes.
Como sempre o teatro Poeira traz espetáculos inteligentes, reflexivos e de elevadíssimo nível técnico. A curadoria do teatro ter como objetivo pautar obras de relevância para a sociedade repensar de maneira analítica os mais diversos e polêmicos temas inseridos no contexto das relações humanas.
O figurino carrega feminilidade, mesmo para uma personagem carregada de sentimentos pesados. O texto é forte. Para quem prefere peças leves e nada profundas, melhor desviar o caminho.
Medo, cansaço, baixa autoestima, são palavras que definem um pouco os temas debatidos nesse trabalho. Tudo regado a não aceitação explícita da personagem.
A agressividade do espetáculo é impactante, não é muito habitual assistirmos a dramas tão intensos em salas de teatros, mas é verdadeiramente gratificante poder contemplar a performance cênica de Fani Feldman, dirigida por Rui Ricardo Diaz.
Não se pode afirmar que a esquizofrenia seja o motivo de alguns acontecimentos acometidos no texto, quem sabe surtos psicóticos, pois não existe outra forma de percepção à barbárie explícita.
Quando os teatros fecharam com a chegada da pandemia, tudo ficou vazio. Mas o último espetáculo antes da quarentena, fechou a agenda com chave de ouro, no Rio de Janeiro. O espetáculo que estava em cartaz, precisou parar, sorte apenas dos que estiveram na plateia e assistiram presencialmente.
A atriz recebeu convite para alguns festivais e já estava com saudade de encenar, o voo solo foi necessário e imprescindível e o espetáculo permeou para o virtual com originalidade.
QUARTA-FEIRA É A ÚNICA OPORTUNIDADE DE ASSISTIR A ESSA PEÇA E NÃO PODERÍAMOS DEIXAR OS LEITORES DA COLUNA PLATEIA FORA DESTE BANQUETE CÊNICO!
FICHA TÉCNICA
Dramaturgia e atuação: Fani Feldman
Direção: Rui Ricardo Diaz
Assistência de direção: Plínio Meirelles
Preparação: Antonio Januzelli
Iluminação: Osvaldo Gazotti
Cenário e figurino: Daniel Infantini
Direção de vídeo e montagem: Munir Pedrosa
Fotografia: Will Prado
Técnico de som: Marcos Ventura
Câmeras: Munir Pedrosa e Will Prado
Idealização: Cia. do Sopro
Produção: Fani Feldman, Quincas Artes.
COMO TODOS OS ATOS HUMANOS
Única apresentação dia 31/3, às 21h
Exibição on-line e gratuita pelo canal do Youtube: youtube/ciadosopro