“Bibi, Uma Vida em Musical”, escrito por Artur Xexéo e Luanna Guimarães, sob direção geral de Tadeu Aguiar, que teve estreia nacional em 5 de janeiro de 2018, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro, com temporada de três meses, temporada em São Paulo de dois meses e turnê por sete capitais brasileiras, sendo sucesso de público e crítica, com 110 indicações a prêmios, conquistando 45 premiações, entre elas: Prêmio Cenym (Melhor Musical e Coreografia), Prêmio Cesgranrio (Melhor Atriz), Prêmio Aplauso Brasil (Melhor Musical e Melhor Atriz), Prêmio Imprensa Digital (Melhor Musical, Melhor Atriz, Melhor Ator), Prêmio Bibi Ferreira (Melhor Atriz e Melhor Direção Musical), Prêmio Reverência (Melhor Atriz e Melhor Direção Musical), Prêmio Shell (Melhor Figurinos), Prêmio Broadway Award Brasil (Melhor Musical e Canções Originais), dentre outros, está novamente em cartaz.
Então, falemos sobre um dos melhores espetáculos teatrais que provavelmente passará pela coluna Plateia. Que prazer inenarrável assistir à “Bibi, Uma Vida em Musical”! Santo Deus, que produção é essa? Que texto é esse? Artur Xexéu, o saudoso homem da vida e do Teatro, merece menção honrosa por dar voz ao majestoso, querido e também saudoso, Procópio Ferreira.
O que seria do presidente se Procópio ainda estivesse por aqui?!
Que força tem essa obra-prima! Xexéu foi perfeito em sua obra escrita. Por isso, a saudade aumenta e sua ausência nas Artes Cênicas também só aumentou, porque como poucos ele soube trazer obras-primas ao Teatro. Para sempre Artur!
“Não consigo lembrar de mim fora do Teatro” (Bibi Ferreira)
Bibi merece ser lembrada sempre, por sua grandeza artística e sobretudo, por seu amor ao Teatro. Um grande exemplo a ser seguido.
Em “Bibi, Uma Vida em Musical” a história familiar, profissional e amorosa da artista se entrelaçam. Sua formação em música, dança e línguas estrangeiras foi estimulada pela mãe Aída Izquierdo, bailarina espanhola. A estreia profissional no Teatro aconteceu aos 19 anos, pelas mãos do pai, o ator Procópio Ferreira, em papel escrito por ele especialmente para a filha. Assim, o musical percorre todas as fases da vida de Bibi, da escolha do seu nome, sua preparação para os palcos, os espetáculos musicais como os inesquecíveis “Gota d’Água”, de Paulo Pontes e Chico Buarque, “My Fair Lady”, “Alô Dolly” e “Piaf, a Vida de Uma Estrela da Canção”, seus casamentos, o nascimento da filha única, Tina Ferreira, as viagens a trabalho a Portugal e Inglaterra, a homenagem da Escola de Samba Viradouro, até sua chegada a um teatro da Broadway, aos 90 anos. (Sinopse)
A cenografia da deusa Natália Lana dispensaria comentários, mas fica impossível não tecer comentários sobre suas façanhas. Quanta delicadeza e força! A profissional soube dar suntuosidade ao que era para ser suntuoso, soube dar doçura por meio de cores quando era preciso usar de uma palheta que causasse delicado impacto visual. Natália merece ser reconhecida por seus feitos, uma, duas, três ou mil vezes!
Ney Madeira e Dani Vidal, assinam os figurinos e dão todo glamour que o espetáculo precisa. Tudo tão ousado e belo, colorido, bem elaborado. Do início ao fim do espetáculo, as indumentárias são fantásticas! A dupla soube trabalhar com riqueza de detalhes. No circo, um dos momentos lindos do espetáculo, o elenco está perfeito. Os desenhos primorosos. Dos vermelhos aos tons pastéis, em dimensões diferentes, mergulham com perfeição.
Não é a primeira vez que passam por essa coluna, são nomes que merecem reverência!
Tadeu Aguiar, diretor do espetáculo, que também esteve à frente de “A Cor Púrpura”, “Quase Normal”, “Ou tudo ou Nada”, “Essa é a nossa Canção”, “4 Faces do Amor”, “Para sempre ABBA”, “Eu não posso lembrar que te amei – Dalva e Herivelto”, é um monstro artístico, entende de Teatro, deve dormir e acordar abençoado pelos anjos das artes, só pode! Em Bibi, ele não fez diferente, trabalho sem arranhões, sem um ponto fora do lugar. Embora o palco do teatro Riachuelo seja imenso, nenhum espaço fica vazio. Sem palavras para falar sobre seu trabalho, porque tudo que for enaltecido não será o suficiente. Diretor de artístico é o responsável por criar o conceito visual e orientar a equipe na execução do projeto. É como se ajudasse a dar contornos e tridimensionalidade ao texto, tirando as ideias do papel e transformando-as em cenários, objetos, figurinos, entre outras coisas. E se o espetáculo já tem tantos prêmios, a culpa é do Aguiar! Prendam ele! De preferência no palco italiano!
Outro Gênio: Tony Lucchesi. A direção musical encanta a todos!
Sueli Guerra assina a direção de movimento, outra dama do Teatro, que dá movimento aos corpos em grandes espetáculos. A dançarina é premiada porque entende de expressão corporal, seu nome já está gravado na história do Teatro brasileiro.
Vamos falar do elenco? Afinal, sem eles nada seria tão belo.
Amanda Costa, a eterna Amanda do Trem da Alegria, cresceu, mas se mantém artista, agora mais madura e ainda mais perfeita. Soube como ninguém encarnar o fenômeno Bibi Ferreira. Ela está lindíssima no papel, parece que o texto está selado na alma. Inesquecível!
Gottsha, confesso que não era tão fã da atriz, mas ainda bem que a vida dá oportunidades, e pude ter a chance se revê-la para aqui, reconhecer seu talento, ela está mágica no palco. Gottsha explode como fogos, em noite de Reveillon. Com uma voz soberana, ela nasceu para os palcos. Uma interpretação digna, imensa. Seus movimentos raptam todos os olhares. A atriz simplesmente é um cometa!
Luisa Vianna sempre doce em suas atuações, sempre muito gostoso assisti-la. Sempre em musicais, ela sabe desempenhar seus papéis com graça, numa dimensão que só pertence a ela. Está intrínseca a doçura de Luisa.
Fabrício Negri além de belíssimo surpreende em seu papel. Sabe atuar, cantar e dançar com elegância. É muito prazeroso vê-lo atuando.
Leonam Moraes é um ator que chama muito a atenção, também presente em grandes musicais, ele sabe tudo, faz tudo, falta ao ator mais protagonismo, porque é fato: ele irá brilhar tão quanto brilha em seus papéis coadjuvantes.
Simone Centurione interpreta a mãe de Bibi. Trata-se de uma atriz experiente, que atua com simplicidade. Stanislavski iria adorá-la, pois sabe ser cordial com todos, com quem divide o palco. E principalmente, não é mais nem menos do que precisa seu personagem, o olhar dela é técnico, uma atriz mansa, que alimenta com leveza sua função.
Ah, o Chris Penna… Que papel lhe foi concedido, que papel… Para quem não entende o tamanho da performance desse ator, oriento buscar nas plataformas virtuais entrevistas de Procópio, aí entenderão a eficiência desse ator. O olhar do Chris e sua postura corporal são impressionantes, não é à toa que o ator arranca aplausos em uma de suas cenas. Chris emociona, porque sabe interpretar com devoção um dos maiores nomes do Teatro brasileiro, herói dos artistas brasileiros.
Outro momento esplendoroso, é quando a ditadura é lembrada, em um dos períodos vivenciados na trajetória da atriz Bibi. Os artistas assumem a função de legítimos patriotas, com olhares fortes e vigorosos, cientes de toda história e de tudo que aconteceu, deixam claro que essas páginas dos livros não serão queimadas! Que momento digno!
A montagem é alegre, com belas vozes, a vida de Bibi é apresentada de maneira poética e também em seus momentos mais difíceis. Tudo tem muito movimento, dança, tudo envolvente. Os fazedores de Teatro sequestram a plateia! Tudo orquestrado, devidamente conectado, um espetáculo grandioso, com quase 3 horas de duração, que passam imperceptíveis, pois olhares ficam hipnotizados diante de um espetáculo tão magnânimo e contemplativo. Aos ouvidos chegam músicas de um repertório esplendoroso, boas vozes e as histórias dessa mulher inesquecível para o país.
FICHA TÉCNICA
Autores: Artur Xexéo e Luanna Guimarães
Direção: Tadeu Aguiar
Direção musical: Tony Lucchesi
Elenco: Luisa Vianna, Amanda Acosta, Chris Penna, Gottsha, Simone Centurione, Rosana Penna, João Telles, Fabricio Negri, Carlos Arruza, Carlos Darzé, André Rayol, Julie Duarte, Fernanda Misailidis, Flávio Moraes, Larissa Landim, Leonam Moraes, Daruã Góes e Léo Araújo.
Música original: Thereza Tinoco
Cenários: Natalia Lana
Figurinos: Ney Madeira e Dani Vidal
Coreografia e Direção de movimentos: Sueli Guerra
Desenho de luz: Rogerio Wiltgen
Desenho de som: Gabriel D’Ângelo
Assistência de direção: Flavia Rinaldi
Assistência de coreografia: Olivia Vivone
Assistência de direção musical: Alexandre Queiroz
Assistência de iluminação: Wagner Azevedo
Coordenação Geral de Produção: Thereza Tinoco
Coordenação de Produção: Gheu Tibério
Produção Executiva: Edgard Jordão
Direção de Produção: Claudia Negri
Assistentes de produção: Magnólia Gomes e Valter Teixeira
Idealização e Realização: Negri e Tinoco Produções
Assessoria de Imprensa: Xavante Comunicação
BIBI, UMA VIDA EM MUSICAL
Teatro Riachuelo
Rua do Passeio 38, Centro
Temporada até 31/7
Sextas, 20h, sábado, 16h e 20h30, e domingos, 18h
Ingressos populares às sextas-feiras
R$ 60 e R$ 30 (meia)
Preço único sábados e domingos
Plateia Vip R$ 120
Plateia R$ 100
Balcão Nobre R$ 80
Balcão Superior R$ 50
Ingressos disponíveis na plataforma Sympla