Eu separo as pessoas em duas categorias: aquelas com quem eu beberia e aquelas com quem eu nunca sentaria em uma mesa de bar. Nem se pagasse as minhas contas.
Dentro da categoria “com quem beberei” existem as prateleiras. Há com quem, eu tomaria umas duas, umas quatro, umas caixas e por aí vai. Dependendo da vontade de estar com a pessoa, as garrafas aumentam. Saideira, meu herói. Sim. Mais uma. E tem mais para vir. Toda saideira é uma ilusão.
Já a categoria “não beberei jamais” é uma só. Serve para tudo. Dentro e fora dos bares da vida. Se não beberia com a pessoa, para que conviveria com ela? Evidentemente, democrático que sou, respeito quem não bebe. Não concordo e não entendo, mas respeito.
É muita gente nos dois cardápios, não conseguiria listar aqui. Haja cerveja, ressaca e seca abstinência. Até porque, se o mundo fosse frequentado só por gente da categoria dos “não beberei jamais”, eu não passava nem na porta.
Como jornalista, participei de um programa de entrevista no qual eu e membros da equipe do Jornal Diário do Rio recebíamos os convidados em uma mesa de bar. Entrevistamos alguns políticos. Com uns, foi ótimo, maior onda. Com outros, o enjoo veio de vésperas. Ainda bem que tinha uma para afogar o ranço.
Para não ficar devendo o amigo leitor, a amiga leitora, cito aqui cinco com quem, o bebedor aqui encheria a cara e as grades, caixas de cerveja. Uma cachacinha entre uma garrafa e outra também vai bem. O que não mata dá ressaca. Toda ressaca é existencialista. Sim. Vou falar, se acalmem, meus acelerados leitores.
Puxo as cadeiras para, no momento, decidindo no impulso, sem olhar o menu: Xico Sá, Silvio Almeida, Ailton Krenak, Maria Betânia e Leci Brandão. Nossa, que mesa! Só iria abrir a boca para pedir mais umas. Agora, estou pensando quantas e quantas mesas, eu gostaria de formar. Infinitas possibilidades.
Imaginem beber com figuras históricas, que já não estão mais entre nós? O paraíso deve ser uma grande mesa para beber e falar. Vamos importar essa dos vikings. Quando a ideia é boa, a gente toma. Toma com gosto.
Exemplos de com quem não beberia jamais? Não vou dar moral para esse povo. Quem rouba nossa onda não merece nossa lembrança. Engole aí essa amarga dose de desprezo. Porém, para não falarem que não falei dos espinhos, digo um, de cara: o presidente Jair Bolsonaro. Não tem como uma mesa de bar ser bom com ele. Aliás, nada tem como ser bom com ele.
Falem, meus leitores, com quem vocês gostariam de beber? Beberiam com o cronista aqui? Costumam dizer que sou boa companhia de mesa de bar. Depois de muitas garrafas, eu acredito. Quer confirmação melhor que essa?