Vilões de Shakespeare

“Vilões de Shakespeare” é um espetáculo que chama a atenção pela forma como foi conduzido pelo artista e pelo diretor.
Uma linguagem menos formal, leve e que consegue alcançar a todos.

Uma receita admirável, infalível, afinal, se tem uma coisa que brasileiro precisa consumir é arte e cultura para ampliar um pouco mais as análises críticas individuais, em todos os aspectos.

Esse é o segredo. “Vilões de Shakespeare” é apresentado por Marcelo Serrado, que conquista o público e chancela sua excelente aderência às artes cênicas. Marcelo é leve, carismático, versátil, mesmo diante de personagens densos. O ator encarna tiranos com precisão e numa excelente construção artística permite, por meio de suas partituras corporais, expressões faciais e bom-tom de voz, formar uma trindade cênica soberana.

Ator, texto e público se encontram, e assim, acontece o Teatro.
Um monólogo intrigante. Tudo parece acontecer em uma palestra, espaço de decoração contemporâneo, onde ressuscitam vilões.
Otelo, Cássio e Iago juntos em narrativa, no palco, por intermédio do ator e Marcelo é imenso. Prova disso é que um espetáculo criado em 2016 retorna agora, em 2021, virtualmente, com o mesmo sucesso, para uma plateia sedenta por bons espetáculos, enclausurada para se resguardar do terrível vírus. Um retorno inicialmente idealizado pela atriz Beatriz Nogueira, com intuito de arrecadar fundos com a bilheteria, para ajudar os técnicos e profissionais dos bastidores artísticos, imensamente afetados neste momento.

A vilania que compõe Otelo é apresentada com uma simplicidade ímpar. A dinâmica utilizada para os “velhos” e “tão atuais” dramas é sensacional.

Chegamos a Ricardo III, com comparações genuínas aos vilões atuais, fazendo assim entender quem foi o “Ricardão”. O vídeo que acompanha Marcelo Serrado também se faz útil, mostra fotos aos espectadores de alguns personagens e acontecimentos, como um espermatozoide Macbeth endiabrado.

O figurino também acompanha a atualidade, interessante composição. Mas, as cores sóbrias e também a túnica remetem às peças, que compõem as vestimentas dos cavaleiros medievais.

A iluminação é benigna. Marcelo parece estar em seu último ensaio, e isso enfeitiça. Desconstrói a seriedade, comumente esperada quando se trata de “Shakeaspeare”, quando chama a plateia para algumas explicações. Fantástico!

Impossível assistir uma só vez! Marcelo permeia entre frases dos clássicos e do texto Shakespeare’s Villains (1998), do inglês Steven Berkoff, dramaturgo, ator e diretor, mais conhecido como “o ator dos papéis de vilão”.

Marcelo pega os espectadores de surpresa, o ator mergulha nos vilões com ousadia. A trilha sonora conta com eruditos, que por natureza harmonizam bem com os clássicos dos clássicos. Com onomatopeias, Marcelo chega a “Uma Noite de Verão”, nada é tão mágico quanto os jogos de palavras desse espetáculo.

Quanto à direção?

Sérgio Módena, dispensa qualquer comentário, pois quem conhece o trabalho do profissional, sabe que ele não entra para perder!

Foto Guilherme Maia/divulgação

VILÕES DE SHAKESPEARE

24 horas On-line e gratuito

Assista:

Conheça a plataforma e outros espetáculos disponíveis: https://espetaculosonline.com/adulto-5

FICHA TÉCNICA

Ano de Produção: 2016

Com: Marcelo Serrado

Texto: Steven Berkoff

Tradução e Adaptação: Geraldo Carneiro

Direção: Sergio Módena

Codireção: Gustavo Wabner

Figurino: Carol Lobato

Iluminação: Paulo Denizot

Música Original: Marcelo Alonso Neves

Direção de Movimento: Marcia Rubim

Preparação Vocal: Jaqueline Priston

Designer de Som: Gabriel D’angelo

Vídeos: Eduardo Chamon

Realização: Barata Comunicação

Produtores: Eduardo Barata e Marcelo Serrado

Registro Videográfico: Chamon Audiovisual