Uma fábula de Maria Clara Machado encanta crianças e adultos há décadas

Dois mil e vinte e dois quase no fim e o Natal chegando, um tema sempre muito explorado por espetáculos infantis, isso sempre fica evidente nos palcos teatrais da cidade, com as tradições respeitadas e encantam crianças e adultos com tanta beleza. É o caso da bela obra de Maria Clara Machado, “O Boi e o Burro no caminho de Belém”, encenada pela primeira vez em 1953. 

O Theatro Municipal ficou lotado na estreia do espetáculo, o que é muito gratificante para todos que olham a Cultura com olhar de educador. Este ano, foi possível ver o grande Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com seus cento e treze anos, mais popular que nunca, com gratuidade e editais bem elaborados, que fomentaram abrir espaço a todos os artistas, de todos os lugares do Rio de Janeiro, investindo na formação de plateia, oportunizando pertencimento a pessoas que jamais se imaginaram assistindo a espetáculos na plateia desse tradicional e requintado teatro. Isso não tem preço, uma gestão democrática, que beneficia a sociedade como um todo. Viva!

O público terá ainda a oportunidade de assistir ao espetáculo, de graça, neste próximo final de semana, dias 3 e 4 de dezembro, na Escola de Música da UFRJ, localizada na rua do Passeio, 98, na Cinelândia.

Dois nomes imensos do Teatro Brasileiro, Tim Rescala e O Tablado, esse segundo dirigido por Cacá Mouthér, que nessa estreia, encontrava-se de pé ao lado direito da plateia, como uma criança feliz, assistindo a sua obra com os olhos brilhantes e atentos, e um sorriso de satisfação pelo feito. E claro, nessa bela montagem cênica e diante desses dois imensos artistas, o sucesso de crítica e de público é certeiro. 

Uma obra cantada, uma ópera, com elementos cênicos, onde as crianças se mantiveram em silêncio, atentas aos artistas principais, Flávio Melo, como o boi, e Ossiandro Brito, como o burro. Que beleza foi assistir a esses dois artistas e seus movimentos corporais com suas vozes suntuosas. Divertidos e dinâmicos, perfeitos! Talvez não faltassem adjetivos, caso tentasse continuar a escrever sobre o maravilhoso trabalho que ambos entregaram à plateia.

A atriz Gabriella Ruppert, mesmo sem texto, é graciosa, sabe se movimentar bem no palco, seus olhos transmitem todo o sentimento que seu personagem sente. Incrível a façanha dessa menina, tão jovem e, ao mesmo tempo, tão completa e tão competente. 

Um ponto relevante, que não se deve deixar de mencionar, é o Coro Brasil Ensemble UFRJ, composto por jovens talentosíssimos, que entoam as canções como uma bela revoada de pássaros, cantando louvores aos céus. 

A direção de arte é assinada por Ronald Teixeira, que soube trazer sua equipe em harmonia, cenário e figurinos perfeitos, enchem os olhos de beleza. Parece não haver uma falha sequer na costura, nenhuma falha no cenário. Impressionante, os recursos utilizados para compor as indumentárias. Penas, brilhos, tecidos com bom caimento, um olhar totalmente exímio. Tudo se abraça. Oxalá! Bom seria se todos os profissionais tivessem esse olhar, esse cuidado! Na entrega de um trabalho, não basta prestar conta da execução, é necessário criar elo, encantar a sociedade para que retornem, aplaudam com a alma, isso sim é sucesso! Obrigada Ronald, por oferecer a sensação de pisar em nuvens! 

Priscila Bonfim é a regente da orquestra, linda e capacitada para o pedestal que ocupa. A maestrina rege a Orquestra Sinfônica da UFRJ, e enobrece ainda mais esse projeto. Quando instituições educacionais, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro, inclui-se dentro de um trabalho como esse, é porque há nele motivos suficientes para acreditar em sua boa execução e no que trará à sociedade. Belíssimo trabalho de todos!

Desde 2016, este trabalho esperou para ser apresentado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o que aconteceu! 

Encerro o texto com Tim Rescala, que juntou o seu passado, pois seu pai trabalhava no Theatro Municipal e o seu saber da UFRJ, um profissional imenso, que em sua humildade acredita que suas criações estejam ligadas à espiritualidade. Tim é um trabalhador brasileiro, que ocupa seu estúdio e se dedica a seu ofício, para ele não há inspiração que possa ser explicada, mas há muito trabalho, digno como todo trabalhador. Tim está acima do esperado, acima da curva, é um artista nato e um exemplo a ser seguido! 

É o boi e o burro falando sobre o nascimento do menino Jesus, debaixo do olhar cuidadoso dos imensos fazedores de Teatro! 

“Num estábulo muito simples, mas acolhedor, o Boi e o Burro, figuras presentes no tradicional presépio de Natal, narram a história da noite do nascimento de Jesus Cristo. Com um olhar singelo e bem-humorado, os dois tentam entender o mistério da Estrela de Belém, que veio parar em cima do seu estábulo, e a presença de reis, pastores e anjos, além de Maria e José. ‘O boi e o burro no caminho de Belém’ foi a primeira peça escrita por Maria Clara Machado. Inicialmente pensada para o teatro de bonecos, acabou sendo montada com atores. Desde a sua estreia, foi remontada inúmeras vezes.” (Sinopse)

O BOI E O BURRO NO CAMINHO DE BELÉM

Sábado 3/12 e domingo 4/12, às 14h30 e 17h

Escola de Música da UFRJ (Salão Leopoldo Miguez)

Rua do Passeio, 98, Centro

Classificação Livre

Duração 60 min

Ingressos gratuitos retirados 1 hora antes do espetáculo

Informações (21) 2532-4649

FICHA TÉCNICA

Baseado no texto de Maria Clara Machado

Músicas e Libreto: Tim Rescala

Direção Cênica: Cacá Mourthé

Regência: Priscila Bomfim

Elenco: Boi: Flávio Melo / Johnny França

Burro: Ossiandro Brito

Pastor: Iago Cirino

José: José Beltrão

Maria / Pastora: Ágatha Marinho

Rainha Amarela

Coro: Ester Melo Rainha Branca 

Coro: Edilene Melo Rainha Negra 

Coro: Nicole CostaRei Amarelo 

Coro: Bernardo Rulff Rei Branco 

Coro: Carlos Côrtes Rei Negro

Coro: Lucas AguiarGuarda do Tesouro 

Coro: Eduardo Barbosa

Anja da perna de pau: Alarisse MattarAnjas e Pastoras Gabriela Ruppert Mariana Campinho

Pastoras

Coro: Carla Garcia, Esther Santiago, Giovana Toscano, Luana Nascimento, Marcia Mendes

Pastores

Coro: André Cisco, Cristóbal Rioseco, JP Santiago Moises Hills

Orquestra Sinfônica da UFRJ

Direção de Arte: Cenografia e Figurinos: Ronald Teixeira

Visagismo: Mona Magalhães

Iluminação: José Henrique Moreira

Máscaras: Eric Fuly

Desenho de som: João Gabriel Mattos

Regência do Coro: Maria José Chevitarese

Preparação vocal do coro: Juliana Melleiro

Pianistas ensaiadoras: Juliana Coelho e Leandra Vital

Assistente de Direção: Victor Hugo

Diretores de arte assistentes e figurinistas assistentes: Everthon Jose, Jovanna Souza e Ricardo Júnior

Cenógrafo assistente: George Bravo

Costura dos figurinos: Gabriel Leocádio

Produção de figurinos: Cris Chevriet

Costureira: Mônica Santos

Operação de som: João Gabriel Mattos

Diretor de Palco: Wellison Nogueira

Assessoria de imprensa: Catharina Rocha e Paula Catunda

Redes Sociais: Rafael Teixeira

Designer gráfico: Marcus Moraes

Produção: Pagu Produções Culturais

Direção de Produção: Bárbara Galvão, Carolina Bellardi e Fernanda Pascoal

Produção Executiva: Fernando Queiroz e Juliana Soares

Assistente de Produção: Miguel Angelo

Gestão Administrativa – Financeira: Natália Simonete – Estufa de Ideias

Assistente Financeiro: Pedro Henrique Cavalcante – Estufa de Ideias