Lilia Cabral e Giulia Bertolli são sucesso de crítica e público em A Lista’

Falar da beleza cênica de Lilia Cabral é ser repetitivo e até mesmo redundante. “A Lista”, espetáculo estrelado por Lília e sua filha Giulia Bertolli, é uma graça, um espetáculo que dura mais de uma hora, mas que ao piscar dos olhos, fim de peça, de tão boa que é! Costumo dizer, a tríplice cênica é e sempre será, o mais importante em um espetáculo, e dessa vez, o espetáculo garante o que digo.

Artistas, texto e plateia se estão conectados tornam o espetáculo atrativo. Sabemos que a grande atriz leva o público às salas teatrais com mais facilidade, anos de carreira e de estudos no palco a fizeram chegar aonde está, mas isso não seria o suficiente para render boas críticas, principalmente para os críticos, que assistem a tantas peças, e sabem reconhecer o que é realmente bom, e esse é o caso de “A Lista”.

O texto é do incrível Gustavo Pinheiro, que escreve sobre o cotidiano com facilidade, dá uma sensação de que ele escreve com bico de pena, desenhando as letras, porque há leveza diante dos fatos que ele leva à dramaturgia. E essa característica não pertence somente a esse espetáculo, mas a todas as obras que escreve. Inclusive, o recomendado espetáculo “A Tropa” está em cartaz, no Shopping da Gávea, um sucesso que parece não querer descansar. Gustavo tem o belo hábito de trazer o dia a dia com destreza e beleza e abordar questões necessárias.

Gustavo não peca, sabe escrever sobre relações, por mais que fale o mais do mesmo, ele aborda com poesia, faz o espectador rever atitudes e refletir. Em “A Lista” ele foi belo ao mencionar relações, muitas vezes desprezadas, sem que seja dada a devida importância. 

Na peça, Lilia Cabral interpreta Laurita, uma aposentada que, por força das circunstâncias, se vê obrigada a estabelecer contato com a vizinha, a jovem Amanda, vivida por Giulia Bertolli. O encontro das duas detona um turbilhão de sentimentos, lembranças e descobertas que marcarão suas vidas para sempre. (Sinopse)

Ah! Como as amizades com pessoas mais velhas são boas, só que tem pode entender! Normalmente são relações de amizade e generosidade, pessoas mais experientes sabem entender melhor a vida e a sede que os jovens têm em vive-la. Essas relações podem ser revigorantes, aos jovens mais prudência e sabedoria, aos mais idosos o frescor da juventude e o entusiasmo com as coisas da vida. O convívio de idosos com jovens pode diminuir o isolamento social dos mais velhos.

Uma das coisas que chama muito a atenção na peça é a jovem atriz Giulia Bertolli, que atua ao lado da mãe, e com muito bom-senso não se aproveita do fato de contracenar com uma estrela e apresenta uma jovem muito bem encenada, sem a vaidade, comum aos seres-humanos. A atriz está muito bem dirigida e não extrapola, nem se aproveita de estar ao lado da mãe, muito pelo contrário, Giulia atua dando espaço, e assim como os espectadores, seus olhos brilham ao ver a magnitude de Lília no palco. Seu papel é respeitável, que delícia de profissional! 

O texto também aborda as verdades, que muitas vezes se enxerga, mas não se assume, e desperta a oportunidade de abandonar tudo aquilo que vale a pena mudar. Com o passar do tempo é comum ter dificuldade de ver a vida por outros prismas, as inúmeras perdas se somam, e isso pesa, mas fantasmas não devem ser bem-vindos! Um viva para o autor e para a importância dada ao pensamento positivo, que quebra barreiras!

O espetáculo foi montado durante a infernal pandemia, quando veio em audiovisual, foi assistido e aplaudido por milhares de pessoas on-line, depois foi para o palco com a mesma força. A peça, lançada em livro este ano, foi indicada em três categorias no Prêmio Bibi Ferreira (2022), Lilia Cabral foi indicada à melhor atriz, Giulia Bertolli foi indicada a melhor atriz coadjuvante e Gustavo Pinheiro foi indicado pela melhor dramaturgia de peça em Teatro. Também estiveram no FITA, Festa Internacional de Teatro de Angra dos Reis, durante o isolamento social.

As talentosíssimas mocinhas já chegaram a mais de cem espetáculos, e claro, muito provavelmente dobrarão esse número. A direção de Guilherme Piva, que conduziu com muita expertise as atrizes e fez um trabalho sem arranhões, o apoio de J.C. Serroni, indicado ao Prêmio Shell/2023, no cenário e nos figurinos, o cuidado de Marcia Rubim na direção de movimento, que pôs as meninas para dançar, e todos os demais envolvidos nessa obra leve, risível e extremamente necessária, são imprescindíveis para o resultado da obra, que fala com o nosso íntimo, deliciosamente.

FICHA TÉCNICA

Texto: Gustavo Pinheiro

Direção: Guilherme Piva 

Elenco: Lilia Cabral e Giulia Bertolli

Cenários e Figurinos: J.C. Serroni

Iluminação: Wagner Antônio 

Direção de movimento: Marcia Rubin 

Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes

Fotógrafo: Priscila Prade 

Programador Visual: Gilmar Padrão Jr 

Direção de Produção: Celso Lemos

A LISTA

Temporada até 26/3

Teatro dos Quatro – Shopping da Gávea

Rua Marquês de São Vicente, 52, Gávea

Sextas e sábados, às 20h e domingos, às 19h

Ingressos R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia)

Vendas na bilheteria do teatro e pela plataforma Sympla

Fotos Pino Gomes/divulgação