A era do streaming modificou completamente a forma de se ouvir música e abriu novas fronteiras para artistas que eram invisíveis para os meios de comunicação e, sem consequência, para o público: os chamados independentes, que sempre tiveram problema para veicular seus trabalhos e, assim, se tornarem conhecidos. Hoje, por exemplo, ocupam 53% de presença no top 200 de execuções do Spotify, a maior plataforma de música do mundo.
O dado faz parte da Pesquisa do Mercado Brasileiro da Música, realizada anualmente pela Associação Brasileira da Música Independente (ABMI). Os dados foram coletados em duas frentes: uma avaliação dos dados das principais plataformas de streaming referentes a 2019 e parte de 2020 e entrevistas em profundidade com 60 empresas – 50 associadas e 10 não-associadas convidadas – entre editoras, produtoras de evento, produtoras audiovisuais e estúdios.
As plataformas de streaming mudaram a maneira de se ouvir música e ampliou a presença do artista independente no mercado – Foto: Reprodução
Os resultados apontam que 50% do faturamento das empresas pesquisadas vêm das plataformas digitais. E 15% da receita das empresas pesquisadas vem de fora do Brasil. “Ou seja, elas são fundamentais para entendermos a dinâmica da música independente, as oportunidades que se abrem a partir da nova onda de digitalização do ambiente e os desafios que vamos enfrentar. Especialmente agora num momento pós-pandêmico em que o consumo da música digital se ampliou para um patamar que deve se manter muito alto,” destaca Leo Morel, coordenador do levantamento.
A pesquisa identificou ainda que gravadoras, distribuidoras e MEIs enfrentam desafios distintos no momento atual. Para as gravadoras, é preciso focar na adaptação ao mercado cada vez mais digital. Já as distribuidoras digitais – que mediam a relação entre artistas e plataformas – devem focar os esforços na ampliação e manutenção do catálogo e na atualização constante dos cadastros. E os microempreendedores individuais devem se concentrar em viabilizar a geração de renda ampliando as formas de entrada dos recursos.
“Durante a realização do estudo, focamos em entender as necessidades do mercado para poder trazer dados que nos façam compreender melhor o setor da música independente e que nos ajudem a enxergá-lo com mais clareza”, completa Morel.
Ainda de acordo com a ABMI, a Amazon Music já é o segundo serviço de streaming com maior número de assinantes no Brasil. A plataforma possui 12% de participação de mercado, ficando atrás apenas do Spotify, que detém 61% dos assinantes. A Deezer vem em terceiro lugar, com 9%.
A pesquisa completa será disponibilizada nos próximos dias. O estudo foi realizado em duas frentes. As empresas internacionais Chartmetric e Counterpoint foram responsáveis pelo levantamento de dados quantitativos. E a brasileira LV Pesquisa realizou a pesquisa junto às empresas. A iniciativa tem o apoio da WIN e do MERLIN.