Em “Na Sala com Clarice”, Odilon Esteves sempre com uma doçura ímpar, faz as honras da casa e recebe os espectadores, com vasta cordialidade. Em sua estreia, ele foi de uma delicadeza admirável.
Odilon traz ao público textos da incomparável Chaya Pinkhasova Lispector, mais conhecida como Clarice Lispector, nome adotado quando saiu da Ucrânia, fugindo do antissemitismo Europeu.
São cinco contos simpaticamente bem contados.
Odilon não titubeia em suas leituras e seu tom de voz também é um bálsamo para os ouvintes. Não há nenhum efeito áudio visual, no entanto, agregam uma agradável trilha sonora as narrativas, totalmente adequada à performance e ao glamour de cada texto recitado.
A iluminação contribui para um bom trabalho visual, de estética louvável.
O ator usa o português exato, nada coloquial, daqueles que permitem ter admiração pela língua materna. Sem contar as entonações vocais do artista, que contribuem para dar vida aos personagens apresentados.
Mesmo atrás de uma tela, é possível se conectar com o ator por meio do voto, ao eleger as leituras seguintes.
Lindas interferências do ator em alguns momentos, com histórias pessoais recheadas de ternura, contadas entre uma leitura e outra.
Este ano, Clarice completaria cem anos e no centenário de uma das escritoras brasileiras mais importantes do séc. XX é digna a ideia de trazer sua obra para o mundo virtual. Mesmo com uso de um vocabulário formal da linguagem culta, Odilon traz leveza e bem-estar aos ouvintes, sua leitura performática, parece uma nascente, que dimana de sua alma, em uma de suas mais belas obras.
O nome do espetáculo “Na sala com Clarice” passa a ser melhor compreendido ao assistir à peça.
O espetáculo estará on-line até o dia 20 de dezembro e, posteriormente, de 9 a 31 de janeiro, sábados às 20h e domingos às 19h. Haverá intérprete de libras nos dias 18/12 e 29/1. Os ingressos gratuitos podem ser adquiridos no site da Sympla.
https://beta.sympla.com.br/eventos?s=Na+sala+com+clarice&tab=eventos