Sim, arrisco dizer que algumas pessoas têm medo de mudar. E pior, o medo destas é de mudar para melhor. Vai que dá certo… vai que tudo melhora… O que será de mim que só sei reclamar?? Qual será meu papel nesta mudança? Pensam estes medrosos que, via de regra, bradam críticas em alto e bom som.
São aquelas pessoas, normalmente, que reclamam do mundo, dizem entender tudo, veem tramas em tudo e afirmam não acreditar em nada. Em nenhuma mudança.
Na verdade, o grande medo destas pessoas se dá por saber que a mudança requer envolvimento. Ação. Requer comprometimento. Eis o grande preço da democracia. Para mudar precisamos nos envolver com o processo histórico. Precisamos assumir responsabilidades. O que der certo é mérito nosso. O que der errado, também. Cá entre nós, é muito mais fácil ficar no lugar daqueles que se colocam como enganados pelo mundo. Dos que sofrem e reclamam baixinho, afirmando que nada muda.
Mas, lamento dizer: estes que não assumem o curso da história; estes que se fazem de vítimas, e até são vítimas mesmo, também têm responsabilidade por tudo que vivemos. Sim! Seu silêncio e sua passividade são o salvo conduto para que as coisas continuem como estão. Seu não fazer nada é um fazer. Um fazer omisso, cúmplice, passivo e culpado por todas as agruras que nós vivemos.
Então amigos, por que o medo? O problema é não conseguir mudar? Talvez mudar e não ser tão bom quanto se desejava? Pode ser, mas qual o sentido de permanecer como estamos, nesta inércia cidadã, se já descobrimos que a não ação também é uma ação? Pode haver algo pior do que saber que é responsável pela situação ruim que vivemos, justamente por não ter feito nada.
A História não perdoa a omissão. Nada pode ser mais transformador, dada nossa trajetória, do que assumirmos o rumo da História, o rumo de nossas vidas. Vivamos integralmente. Vivamos as redes sociais, mas também a sociedade em redes. Inventemos a vida como quem escreve o roteiro para a própria atuação. Andemos nas ruas pensando o que tem de responsabilidade nossa em cada problema avistado. Cada buraco de rua tem nosso silêncio. Cada obra inaugurada que pensamos não ser prioridade tem nosso silêncio. Cada pessoa morta sem atendimento em um hospital, cada criança sem escola…
Pois que em tudo exista nossa voz. No apontamento das prioridades. No grito de protesto diante de uma injustiça. No planejamento e ação do nosso futuro. Que em cada linha de nossa história tenha as marcas de nossa caligrafia cidadã. E rasuras, por que não? Mas que não existam páginas em branco.
Medo? De quê? Nada pode ser pior que nossa tristeza naturalizada. Que a vida não vivida. Sejamos a mudança que desejamos!