A sexualidade humana sempre inspirou pensadores, escritores, pesquisadores e uma gama enorme de leitores. Há pouco mais de um século, Sigmund Freud, chocava a sociedade com a sua teoria do desenvolvimento psicossexual. Numa época onde as crianças eram símbolo da pureza, onde não participavam nem de assuntos familiares considerados para adultos. Freud afirmava que a sexualidade humana começava seu desenvolvimento a partir do nascimento.
Muito complicado para a sociedade da época alcançar o que o psicanalista dizia. A maioria das pessoas associava o desenvolvimento da sexualidade ao sexo propriamente dito. O escândalo causado por este erro de interpretação foi complicado. O que ele tentava esclarecer eram as etapas que compunham o desenvolvimento energia sexual instintiva do ser humano. Dividindo em fase oral, anal, fálica, latência e genital, ele caracterizava cada estágio desse por uma zona erógena que seria a fonte da libido. Afirmava ainda que as frustrações advindas da má transição dessas etapas acarretariam transtornos mentais na vida adulta do indivíduo.
Na primeira, a fase oral, ele designa que o prazer está na boca, afinal a criança se alimenta no seio da mãe e explora tudo o que pega colocando na boca. Segundo ele, isso é apenas um impulso na busca do prazer. Já na fase anal o processo de excreção é relevante e a criança sentirá prazer na liberação de seus excrementos. Na fase fálica a criança além de se tocar, se sentiria naturalmente atraída pelo gênero oposto. Surgem então o Complexo de Édipo, que consiste na disputa dos meninos com os pais pelo amor da mãe, e ao sentimento inverso ele chamou de Complexo de Édipo feminino, que foi denominado Complexo de Electra. A fase latente, ou latência, é tida como um momento onde este desenvolvimento sexual é suspenso em parte respondendo a repressão parental, que normalmente ocorre. Finalmente, a fase genital inicia-se na puberdade quando há um considerável aumento da energia sexual e a resolução do que não ficou satisfatoriamente resolvido nas outras etapas.
Kinsey foi um biólogo norte americano, que ao viver uma experiência desastrosa em sua lua de mel, decidiu procurar ajuda médica e passou a reconhecer e perceber que a sociedade norte americana pouco sabia sobre sexo. Também foi bastante julgado ao lançar o Comportamento Sexual no Homem Humano em 1948 e depois Comportamento Sexual na Mulher Humana em 1953, ambos fruto de estudos empíricos que realizou com um grupo de pessoas. Costumavam fazer seções gravadas de sexo na casa do pesquisador e ele e a equipe participavam até mesmo para reforçar a confiança no sigilo dos participantes das entrevistas. Alfred Kinsey criou o que chamamos de escala Kinsey, que mensura até os dias de hoje o grau de flutuação da orientação sexual humana numa escala de 0 a 6. Até hoje, seu instituto é referência em sexologia e seu trabalho contribuiu para a evolução do conhecimento e desempenho sexual da sociedade americana.
De Freud a Kinsey, a sexualidade sempre foi tema polêmico e instigante, mas o que não podemos desprezar é a necessidade de cada vez mais falarmos sobre essa temática sem fazer juízo de valor de pessoas, condutas, orientações ou opções. O respeito deverá sempre estar impresso em nossa postura enquanto seres sociais que somos, mas o preconceito e os tabus devem ser banidos de nossas discussões, para que juntos possamos cada um a sua maneira, nos conhecermos e buscarmos nossa realização sexual.