Em meio a tanto fogo cruzado, ficamos na dúvida sobre o que pensar, que opinião ter a respeito de alguém ou de algo que acontece a nossa volta. E essa insegurança pode tirar o sono, a calma e a razão. No entanto, é preciso lembrar, sempre, que a resposta para todas as perguntas, está dentro de nós.
Não se trata de filosofia barata, mas da maneira que podemos enxergar as coisas. Vou explicar: os genuínos gênios, muitas vezes, têm pouco conteúdo intelectual. Nem sempre são letrados, graduados, com mestrados, doutorados, dezenas de livros lidos ou escritos. Mas, pessoas comuns. Em quase tudo.
Entretanto, simplesmente, sabem muito de alguma coisa. Se destacam. Não adianta perguntar o porquê, como, quando… E todos os cinco dáblios… pois não saberiam dizer. Eles simplesmente sabem. E, realmente, sabem.
Houve época em que o saber se bastava. Durante a Idade Média, tais revelações passaram a exigir cuidadosas explicações. Mas parece que, de algum tempo pra cá, começou a se perceber que esse fenômeno é natural.
Fala-se sobre deuses, karma, reencarnações, inconsciente individual ou coletivo, arquivos akáshicos… existem diversas explicações. Todas sem a chancela científica, de poder ser repetida de forma controlada e comprovada.
O matemático Ramanujan, indiano, pobre e sem formação, é um dos casos mais conhecidos desses gênios. Apesar de, hoje, seus trabalhos nortearem muitas pesquisas de ponta, em vida, viu muito pouco deles, ser reconhecido.
Infelizmente, o processo que garante a “verdade científica”, também engessa a conduta em muitos aspectos. Fazendo-se despender muita energia demonstrando como se obteve um resultado, restando pouco tempo para sua aplicação. Muitas vezes, esse conhecimento só será usado décadas depois.
O custo de não errar é o tempo, que para nós, se esgota rapidamente. Apesar disso, pensando em pessoas mais próximas à “curva normal”, é importante nos darmos conta de que trazemos em nosso íntimo, em maior ou menor grau, este saber, que mistura instinto e intuição, influenciando nosso livre arbítrio.
Sempre pensei que até mesmo um cientista precisa ter fé… Só isso explicaria porque seguiu o caminho que deu certo e não o outro, que colegas de renome seguiam e dava errado. Eduardo Marinho, a quem muito admiro, diz que nossa razão trabalha sobre o que nosso sentimento escolhe.
Podemos nos sentir não-representados por ambos os lados e, ainda assim, concordar, em parte, com ideias. Não é um erro. É a própria condição humana.
Sabendo disso e somando-se o fato de que ninguém erra porque quer, mas, sim, porque acredita que está no caminho certo ou, então, porque julga levar alguma vantagem; devemos ter a certeza de que, somente, a empatia e o diálogo, podem nos fazer perceber atitudes e pensamentos equivocados.
Gandhi, disse que só quando se vê os próprios erros através de uma lente de aumento, e se faz exatamente o contrário com os outros, é que se pode chegar à justa avaliação de uns e de outros. Nelson Mandela, disse que a educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo.
Ciente das minhas limitações e procurando não sair da trilha que considero um caminho mais coerente, busco, sempre, nesses homens admiráveis, ideias que me alicercem os pensamentos. Não me torno escravo do que pensam, apenas, faço minha mistura, meu MMC. E essa sabedoria interna, me acalenta ou incomoda, dependendo das escolhas que faço.
Diálogos construtivos pressupõe abertura, pois ideias diferentes são, tantas vezes, complementares e podem formar o princípio dialético de tese, antítese e síntese. Como todos somos ouvintes e as canções trazem em si pontos de vista distintos, tornam-se a ferramenta mais adequada, universal, através da qual se pode apresentar e discutir ideias, sem disputa.
O primeiro passo é ouvir, perceber que os outros pontos de vista existem, que não estamos sozinhos, não somos donos da verdade… depois refletir sobre o que foi dito, tentar compreender, se colocar no lugar de quem clama, reclama, grita, chora, ri, tentando dizer algo… então, já se pode dialogar com o outro.
A música é tão humana, que invade mentes fascistas, comunistas, centristas, anarquistas… E faz pensar, quem quer pensar. É a maneira mais eficiente de ensinar sobre a vida. Seja ouvindo, falando sobre, compondo ou, até, tocando.
Numa resposta à romântica “Eu preciso aprender a ser só” de Marcos e Paulo Sérgio Valle, Gilberto Gil fez “Eu preciso aprender a só ser”. Creio que nesse mundo de tantas certezas, verdades, brigas, rachas e desentendimentos, está nos faltando a oriental busca de, apenas, “sermos” e “deixarmos ser”.
É preciso entender que ainda não entendemos o que significa liberdade, democracia, responsabilidade e igualdade. Mas que, apesar de tudo, temos a música e, como disse Nietzsche, sem ela, a vida seria um erro.
Até a próxima!