Em 2018, depois do resultado da eleição, eu lembrei de Darcy Ribeiro, que há algum tempo é o meu grande norte (ou Nordeste) ideológico quando o tema é o Brasil. Eu postei no Facebook:
“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”, frase de Darcy Ribeiro, não à toa odiado por Bolsonaro e sua tropa.
Neste ano, novamente recorri ao bom e velho Darcy: “A vida é uma ponte interminável. Vai-se construindo e destruindo. O que vai ficando para trás com o passado é a morte. O que está vivo vai adiante”,
Duas eleições, duas frases de Darcy Ribeiro, dois sentimentos opostos: vida e morte.
Em 2018 foi um. Em 2022 é a morte ficando para trás. Nada resume melhor esse governo Bolsonaro do que a morte. As mortes na pandemia e a forma como agiram, a fome que mata, o acesso obcecado às armas – muitas vezes usadas para atacar adversários políticos são só alguns exemplos disso. É a morte ficando para trás. Agora é seguir em frente, cobrar de Lula e aliados que venceram e lutar por essa chance de vida nova que se anuncia. Chega de necropolítica. Chega de tanta morte.
Esse país maravilhoso merece ter a sua melhor faceta explorada. O Brasil de verdade, ou real, como disse outro grande conhecedor de tudo isso, Machado de Assis: “O país real, esse é bom, revela os melhores instintos; mas o país oficial, esse é caricato e burlesco”.
Muita gente falou que esse mês de outubro parecia não passar. Também senti isso. Além da eleição, questões pessoais me deixaram com essa sensação. Durou um ano. Mas acabou. Outubro acabou em outubro. É sim feliz ano novo. Vamos viver.