O Brasil tem diretores de teatros imensos, que a cada trabalho tornam-se ainda maiores, esse crescimento alimenta o universo das Artes Cênicas visceralmente. Jorge Farjalla faz parte desse grupo seleto de profissionais de ponta, mas destaca-se com estilo.
Farjalla é único e carrega uma estética teatral sem igual. Não há mãos como as de Jorge Farjalla, uma figura enigmática, não faz questão de parecer ser a simpatia em pessoa, mas é um profissional corpulento, cheio de atributos e cientificidade, pois aprimora seus conhecimentos com muito estudo. Farjalla é diferenciado, pesquisador do “Teatro da crueldade” e das chamadas “obras desagradáveis” do Teatro de Nelson Rodrigues. Todos os seus inúmeros espetáculos montados são suntuosos. Todos!
É certo de que obras como as do “Teatro do Ridículo” podem criar forças e tornarem-se peças de sucesso, tanto de crítica quanto de público, basta estarem nas mãos certas. Foi o caso de “O Mistério de Irma Vap”. A peça original em inglês “The Mystery of Irma Vep “ escrita por Charles Ludlam esteve em cartaz no Brasil, com estrondoso sucesso, por onze anos, quando foi dirigida por Marília Pêra e estrelada por Marco Nanini e Ney Latorraca e ganhou uma nova produção, tão icônica e arrebatadora quanto a lançada na década de 80.
Além de uma estética infindavelmente elegante, Jorge Farjalla também foi criterioso ao escolher a ficha técnica, todos profissionais atentos, extremamente dedicados a seus ofícios, todos, sem exceção, realmente tem enorme relevância para a obra.
O espetáculo concorreu ao Prêmio Shell em três categorias, vencendo a de melhor ator, no Prêmio do Humor 2020, disputou em duas categorias e no Prêmio Guia da Folha, foi indicado como Melhor Espetáculo de 2019. No Prêmio Bibi Ferreira, ganhou cinco categorias, além de ter sido finalista de três categorias do Prêmio Aplauso Brasil e em oito categorias no Prêmio Cenyn, isso é o suficiente para entenderem o que bons profissionais juntos são capazes de fazer.
Mateus Solano e Luiz Miranda são maravilhosos, artistas que encaram ondas grandes e “dropam” sem tremer, nem desequilibrar. São quase duas horas de espetáculo, com movimentos incessantes e inúmeras trocas de figurinos, incrível a força desses talentosos atores cênicos. Uma explosão de expressões faciais e corporais se eternizam em nossas memórias, pois são realmente muito bons. E não tem como saber qual é o melhor, qual é o mais engraçado, são absolutamente e igualmente incríveis.
Incrível, porque na maioria das vezes é possível o público se identificar com um artista e não tanto com o outro, mas a troca entre eles é tão boa, que as descargas magnéticas são iguais. Pode-se dizer que existe entre eles absoluta compreensão e total reconhecimento de suas grandezas, pois cada um deles usa, a todo momento, de cordialidade para com o colega. Fenomenal!
Fagundes Emanuel, Gus Casabona e Thomas Marcondes também atuam com beleza e comicidade.
Karen Brustolin assina o figurino, sempre assertiva e atenta, sabe bem como se comprometer com o trabalho, assume sua obra com devoção e sagacidade. Cria com pouco e o faz com uma capacidade criativa incrível. Construiu com jeans os figurinos e conseguiu leveza e beleza, muita beleza. Karen foi perfeita. Não existe atualmente uma profissional como Karen, ela alcança as estrelas com sua arte e mantém-se lá com requinte.
“A trama original se passa em um lugar remoto da Inglaterra e conta a história de Lady Enid (Mateus Solano), a nova esposa do excêntrico Lord Edgar (Luís Miranda). Ela tem que se adaptar a viver em uma mansão mal-assombrada pelo fantasma da primeira esposa de seu marido.” (sinopse)
Inesquecível o trabalho dessa equipe, digna de todos os prêmios recebidos, digo mais, digno de já ter sido assistido por mais de 70.000 pessoas. Não se trata de apenas um espetáculo com dois grandes artistas, mas de profissionais de Teatro do mais alto nível, exatamente por isso o sucesso vem a foguete!
FICHA TÉCNICA
Texto: Charles Ludlam
Direção, Encenação e Dramaturgia: Jorge Farjalla
Elenco: Luis Miranda, Mateus Solano, Biagio Pecorelli, Fagundes Emanuel, Gus Casabona, Thomas Marcondes
Traducão: Simone Zucato.
Assistente de Direção: Raphaela Tafuri
Direção de Produção: Priscila Prade e Marco Griesi
Produção Executiva: Maristela Marino
Direção Musical: Gilson Fukushima
Cenografia: Marco Lima
Iluminação: Cesar Pivetti
Figurinos: Karen Brustolin
Fotografia: Priscila Prade
Mídia Digital: Rodrigo Souza
Comunicação Visual: Kelson Spalato e Murilo Lima
Assessoria de Imprensa: Regis Motisuki
Realização: Bricabraque Produções e Palco7 Produções
O MISTÉRIO DE IRMA VAP
Teatro Oi Casagrande
Avenida Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon
Temporada até 26/6
Quintas, sextas e sábados, às 20h e domingos, às 18h
Classificação 12 anos
Duração 100 minutos
Gênero Comédia
Ingressos variam de R$ 40 (meia no Balcão 3) a R$ 150 (Plateia Vip)
Compras pelo site Eventim https://www.eventim.com.br/event/o-misterio-de-irma-vap-teatro-casa-grande-15234569/
Informações (21) 2511-0800