Na última matéria falei de masturbação feminina e é quase que imprescindível trazer à tona o tema: fantasias sexuais! A sexualidade é primariamente uma condição mental, a excitação, a lubrificação, a ereção (dos mamilos, do clitóris, do pênis) estão intimamente ligadas ao que se pensa no ato sexual, seja ele individual, a dois, a três ou até mais pessoas. Talvez, tenhamos sido “doutrinadas” a repelir esses pensamentos e assim coibir o exercício e o desenvolvimento de nossas imaginações eróticas, ao longo de nosso crescimento e desenvolvimento.
Como é sabido, as mulheres são por excelência as maiores vítimas dos modelos castradores e machistas estabelecidos por grupos sociais à revelia do que a natureza humana oferece. Esse movimento comum em volta da inibição da libido feminina, da cobrança de uma postura passiva no que tange as questões sexuais, por muito tempo prejudicou a criatividade pornográfica feminina. Salvo alguns autores ousados como Nelson Rodrigues, ou o servidor público aposentado Alcides Aguiar Caminha que se escondeu até quase o fim da vida sob a alcunha de Carlos Zéfiro, não era comum ou pelo menos transparente esse tema.
A pornografia sempre foi apontada como a vilã, imoral, vulgar e obscena que poderia macular a mente dos ditos “cidadãos de bem” e da família brasileira. Todavia, o acesso às obras supracitadas, caminhou por muito tempo enevoado na sombra de uma pseudomoralidade social, o que dificultou ainda mais o deleite feminino dos mesmos. Às mulheres, restou apenas a pornografia travestida nos romances das revistas vendidas nas bancas com nomes femininos dóceis, como Julia, Bianca etc.
Talvez eu tenha driblado este processo represador lendo escondidos os “Foruns” da antiga revista Ele e Ela do meu irmão mais velho. Na verdade, independentemente de tudo isto, as fantasias são importantes instrumentos tanto para as relações monogâmicas, onde podem estabelecer uma maior cumplicidade e realização entre o casal, quando no sexo solitário e no sexo casual.
O homem conseguiu desvencilhar-se da repressão, graças ao incentivo recebido pela criação machista. Fato é que a grande maioria vem com alguma fantasia de fábrica, como por exemplo: transar com duas mulheres, sair com uma mulher madura, sair com mulher mais nova, ver duas mulheres se tocando, lambuzar a parceira com alimentos, e por aí vai. Mas e nós? Até quando vamos nos esconder ou ainda reprimir nossa mente? Quem já não fantasiou uma relação diferente da que costuma ter? Quem já não imaginou como seria mais de um parceiro? Quem já não se viu gostando de se tocar ou de usar um vibrador? Quem já não se excitou (por mais que negue) com o filme pornô que o namorado ligou no motel? Se não o fizemos, foi porque nos ensinaram que não devíamos.
Selvagem, amoroso, depravado, descarado, sensual, erótico, a sós, a dois, a três, não importa, o sexo deveria ser sempre uma delícia! E cada uma das práticas acima, tem o momento certo para acontecer e quem me dera que todas as mulheres se permitissem experimentá-las! Acho que teríamos menos usuárias de calmantes, anfetaminas e mais mulheres satisfeitas, plenas e prontas para educar os seus filhos, namorados, amantes, maridos a terem um olhar menos preconceituoso sobre a sexualidade da mulher!