Fábula Patafísica sobre o Cientificísmo Oxidosistêmico

Falar sobre o Alienista e não mencionar a mensagem do programa da Cia. Teatro Epigenia, que em seu próprio nome carrega a preservação do cristalino é covardia. Temos que concordar com o que está escrito, pois, fato que parece demérito ter 21 anos de trabalho cênico. É dolorido ver companhias de teatro que sempre apresentaram obras do mais alto nível, fora dos palcos por falta de incentivo governamental, uma verdadeira maldade. Ver mãos valiosas paradas, ociosas, mãos que já moldaram trabalhos enriquecedores e belíssimos. 

A questão das universidades públicas, que beleza de escrita chamar à responsabilidade os graduados pelo governo, apontando como esses deveriam servir e trazer à sociedade o resultado e o retorno desse investimento. Dar o retorno à sociedade é sim uma responsabilidade dos que se formaram por meio do investimento público, uma leitura que ressalta a preciosidade das universidades públicas. Simplesmente fantástico! E diante de um programa de excelência, óbvio que Gustavo Paso, diretor e cenógrafo, nada poderia ser diferente do que o que se apresenta no palco: uma obra magnânima, digna de ser ovacionada. Não há arranhões! 

Há sapiência na adaptação de texto, como traduziram as críticas sociais feitas pelo grandioso Machado de Assis para a atualidade. Celso Taddei e Gustavo Paso foram absolutos nesse texto. Além de traduzirem a obra do grande literário brasileiro, já motivo suficiente para alegria, a valorização da cultura brasileira.

A pluralidade de Machado e sua magnitude na escrita devem sempre ser reverberadas, jamais esquecidas! A iluminação de Paulo Cesar Medeiros é de um primor inquestionável, a riqueza desse espetáculo deve-se em parte ao desenho de luz, que dá um toque de elegância. Impressionante a capacidade do profissional. Um cenário escurecido, que depende da boa iluminação para tornar tudo incandescente. 

Graziela Bastos criou um figurino majestoso, tudo em tons monocromáticos. Elegante e impactante. Parece que os artistas se conectam às indumentárias e com elas tornam-se um e se apossam com mais propriedade de seus personagens. A ideia do figurino do protagonista, ossos elaborados em tecidos, foi de uma relevância visual inexplicável, se questiona como Graziela chegou a esse desenho.

Os assistentes de adereços e objetos de cena não menos viscerais. Os candelabros dão, em um dos atos, uma sutileza visual inacreditável. Que equipe preciosa! Verdadeiros âmbares acinzentados! O trio visagista pode comemorar o gol, porque isso é o que se pode chamar de verdadeiro gol de placa! O cenário remete ao livro, algo meio macabro, como todo manicômio parece ser. Djavan Costa e Maranhão, salve!  E ainda mais quando abraçado à pintura de Eduardo Andrade! Mesa, cadeiras e escadas, tudo resultado de profissionais competentes que executaram com perfeição suas artimanhas. Tudo faz lembrar as proezas da época de Ziembinski, fundador do Moderno Teatro brasileiro. E é possível ver grandeza nesse trabalho. 

Uma ficha técnica que vale ouro, todos os nomes merecem reconhecimento! Quanto ao elenco, precisa-se entender sobre a tríplice cênica, texto, público e ator, fundamentais para que o Teatro aconteça, e no caso, acontece mesmo.

Rômulo Estrela, como o nome já diz, brilha e brilha muito, nada ofusca sua grandeza. Bacamarte virou sua missão e ele a cumpre com devoção, mais que isso, cumpre impiedosamente. Parece que sobe ao palco e fala para si, hoje serei o melhor protagonista teatral que já se viu, e pronto, é!

Luciana Fávero, Gláucio Gomes e Vitor Thiré nasceram para o Teatro, isso fica em evidência a cada trabalho cênico que realizam. Samir Murad, outro monstro, assumiu padre Cícero faz um tempo e agora encarna Porfírio, a personagem que tenta lutar contra o sistema do louco Alienista. Lindo de se ver! Dodi Cardoso, Renato Peres, Tatiana Sobral, Tecca Maria, Anna Hannickel, Eduardo Zayit, Erick Villas, Laura Canabrava e Renato Ribone são meteoros divinais! Gustavo Paso dirige esse espetáculo e deve dirigir mais centenas desses, pois nada deve parar feras como ele!

 

FICHA TÉCNICA

Livremente Inspirado na obra de Machado de Assis “O Alienista”

Texto: Gustavo Paso e Celso Taddei

Direção e Cenografia: Gustavo Paso

Iluminação: Paulo Cesar Medeiros

Trilha Original e Direção Musical: André Poyart

Treinamento Vocal: Dodi Cardoso

Figurino: Graziela Bastos

Direção de Movimento Coro: Edio Nunes

Adereços: Eduardo Andrade, Renato Ribone, Gustavo Paso, Malu Guimarães

Pintura do cenário: Eduardo Andrade

Cenotecnico: Djavan e Maranhão

Direção de Arte: Gustavo Paso

Elenco: Rômulo Estrela / Luciana Fávero / Gláucio Gomes / Vitor Thiré / Samir Murad / Dodi Cardoso / Renato Peres / Tatiana Sobral / Tecca Maria / Anna Hannickel / Eduardo Zayit / Erick Villas / Laura Canabrava / Renato Ribone

Marketing Cultural: Gheu Tibério

Identidade Visual nas artes gráficas: Putz Creative Studio

Produção Executiva: Júnior Godim

Direção de Produção: Luciana Fávero

Assessoria de Imprens: Alessandra

Costa Gestão de Redes Sociais: Fernanda Portella Realização

Cia. Teatro Epigenia: www.epigenia.art

Instagram: @ctepigenia

 

O ALIENISTA

Cidade das Artes – Grande Sala

Av. das Américas, 5300 – Barra da Tijuca, Rio de Janeiro

Temporada até 10/04

Quintas, sextas e sábados, às 20h30 e domingos, às 18h

Classificação 12 Anos

Duração 90 minutos

Ingressos de R$ 25 a R$ 60

Vendas pela plataforma Sympla: https://bileto.sympla.com.br/event/71756/d/128839

Bilheteria funciona de terça a domingo, das 13h às 19h.

* A Porto Seguro oferece 50% para seus associados e acompanhantes (na entrada do teatro, se identificados com cartão ou documento de comprovação)