Enredados

Estou de volta ao Jornal Portal depois de um período de férias. Precisava. Aliás, todos nós precisamos de uma distância dos dias normais. Uma folga na rotina para entrar um novo cotidiano em outro compasso de horas que nos faz ver o mundo com olhos que nem sabemos que temos.

Eu fiz isso nas redes. Não as digitais e, muitas vezes, pouco sociais. Nas redes de deitar e esticar as pernas para circular melhor o sangue que se espalha pelo corpo que só quer soltar os nervos. Tenho uma em casa e visitei alguns lugares que também têm as suas, penduradas no ar da paz.

Das outras redes, na medida do possível, porque é difícil um jornalista se desligar completamente, mantive certa distância. Distanciamento rede social. Elas são, de fato, vírus dos nossos tempos. Passamos horas e horas por lá, navegando em um mundo com cada vez menos portos seguros e inúmeras nascentes ilhas de concordância.

Longe de mim querer o fim das redes sociais. Não me excluam, cancelem. Não quero bloquear nada. Contudo, é o olho no celular que desfoca a vista, assim como o cachimbo entorta a boca. Com cuidado dá para usar de quase tudo. É o tamanho da dose que define inferno, paraíso ou purgatório.

O Windows em nossas mãos, no geral, nos impede de olhar para a clareira que é o universo embaixo dos nossos pés, sob as nossas cabeças, o sol, a lua, o mar, as montanhas, matas e pessoas, gente, gente, gente, gente…

Eu prefiro balancear, no balanço de uma rede de deitar e, vez ou outra, sem vício nem virtude, dar aquela olhada nas outras redes, nas muitas abas, no entanto, sem esquecer as janelas reais, vitrais e nada virtuais, que mostram muito do mundo aos olhos que nem sabíamos que tínhamos. Abertos ou fechados nas redes.