“Falam que eu sou bela Patrícia
Sempre a despertar loucas paixões
Dizem que meus olhos quando olham têm também malícia
Que com meu sorriso provocante eu conquisto os corações”
Caetano Veloso
Impossível acreditar que uma crítica teatral começaria com a música do imenso Caetano, mas é exatamente o que a atriz deste espetáculo merece ler… Patricya Travassos desperta a plateia inteira com graça e vigor, conquista os espectadores com muita facilidade, devido a sua performance divertidíssima, inteligente e bem dosada. Um escândalo de atuação, uma das melhores atrizes em cena no momento. Graças ao grupo de Teatro “Asdrúbal Trouxe o Trombone” desde a década de setenta a moça parece não desgrudar seus pés e sua alma dos palcos, para alegria geral, claro!
Patricya Travassos em “Duetos — A comédia de Peter Quilter” apresenta quatro personagens que matam a plateia de rir, na peça que já rendeu gargalhadas em dez idiomas e passou por mais de vinte países. “Eu amo comédia. Adoro assistir e adoro fazer comédia. E ter quatro histórias na mão é muito divertido. Quatro personagens, quatro pensamentos, quatro carências, quatro caracterizações. Está sendo muito rico pra mim. Estamos chegando a lugares muito divertidos e ao mesmo tempo muito profundos — apesar de engraçados, os personagens falam de emoções muito humanas. Está sendo um presente nesse momento difícil, saindo da pandemia. Precisamos rir, mais do que nunca. Precisamos ir ao teatro. A nossa classe foi muito prejudicada nesses últimos anos, então eu espero que seja um sucesso.”, declarou Patricya Travassos na estreia.
E ela é um sucesso! As expressões faciais da atriz brilham e andam de acordo a dramaturgia, por ela muito bem executada. Impossível não se deixar levar por essa mulher do Teatro, ela ilumina o palco, é imensa, soberana! Em uma de suas personagens, Patricya apresenta uma futura ex-mulher alcoolizada, é cativante. A voz da atriz parece criar vida própria e brinca ao materializar essa personagem!
Ao lado da Patricya está Marcelo Faria, o eterno Elvis da novela Top Model. Marcelo não é somente filho de um dos maiores artistas do Brasil, Reginaldo Faria, já provou isso incontáveis vezes. Marcelo é um artista robusto, eficiente no palco, atua com legitimidade e muito talento. Assistir a Marcelo em “Duetos” é prazeroso, ele também apresenta quatro personagens, que faz com equilíbrio e respeito a cada um deles. Ele está à vontade em cena, e aproveita disso para também ser o Marcelo, o cara feliz em sua profissão, que ri e se deleita diante de sua parceira, rola uma deliciosa afinidade provocativa entre eles!
A dramaturgia moderna e atual não é do Brasil, mas é universal. Quem nunca vivenciou uma paquera na internet, em um desses aplicativos? Qual a mulher que não tem um amigo gay e não faz planos futuros com ele? Nem que seja de viajarem juntos, isso quando não se tem trabalho e muitas outras afinidades, porque trabalhar ao lado desses homens sensíveis é indubitavelmente mais leve! Às vezes, parece que o homossexual entende melhor as mulheres! Olha aí, o nosso saudoso Paulo Gustavo e Monica Martelli, que juntos alavancaram o cinema nacional, sem contar a amizade fora tela, que será eterna enquanto ela estiver nesse plano, a conexão foi tanta que hoje, é impossível olhar para ela e não lembrar dele!
Atualmente é possível se divorciar, uma liberdade conquistada em 1974, que permitiu se casar uma, duas, três, ou tantas vezes quanto se desejar, cada um se casa e se separa quantas vezes quiser, e isso é ótimo, mas não quer dizer que não existem mais dúvidas e conflitos internos quanto aos próximos passos a serem dados na vida. Essa dramaturgia carrega todo esse imbróglio sentimental, é fantástica!
Claudio Tovar assina o figurino com muita cor, ele é um modernista, melhor amigo da Tarsila Amaral, só pode! Tovar pode ser reconhecido, tem identidade no que faz, estilo próprio e muita personalidade, é encantador! Entende de moda, entende do cotidiano, entende de mulher, entende dos gostos femininos! Tudo que toca parece remeter à Semana de XXII, ele é nacional, brasileiríssimo! Viva Tovar!
A trilha sonora assinada por Rodrigo Penna inspira. Com seu currículo de excelência, já passou por novelas globais. Rodrigo soube trazer ao espetáculo músicas alegres, dançantes, que estão em harmonia com a iluminação e com os figurinos, tudo casa perfeitamente com a obra inteira. Rodrigo é o cara da música, quem não lembra do “Bailinho”? Rodrigo Penna respira música, e a carrega no sangue, evidentemente, dá sempre certo!
Aurelio de Simoni, o dono da banca, o cara da luz! Sempre envolvido em boas produções, executa seu trabalho com maestria e habilidade!
O que falar do diretor Ernesto Piccolo? Um dos diretores mais requisitados do momento! Uma fera! Sempre traz bons espetáculos para a sociedade! Quer a certeza de sair de casa para assistir algo bom? Basta procurar o que o diretor tem em cartaz! É até provável que tenha duas ou três peças simultaneamente em cartaz. O cara é o cara! Não precisa de um texto técnico para seguir, Ernesto está entre os melhores e ponto final. Assume seus trabalhos e desafios com responsabilidade, além do cuidado de tornar as dramaturgias sempre acessíveis a todos! Incrível! Pode-se falar sobre o olhar técnico da direção de Ernesto, mas seria falar mais do mesmo. O diferencial está na sua escuta, na sua perspicácia e na sua sagacidade em mostrar um espetáculo com evolução e dinâmica contínuas, que nunca deixam a plateia piscar. Há cenas que contam com áudio, iluminação e tudo isso com beleza em perfeita harmonia, sob a direção e o olhar felino e atento de Ernesto!
“A peça, na sua essência, fala de solidão mesmo, e de uma forma muito divertida. Das relações mais diversas que o ser humano experimenta para tornar a solidão menos dolorosa. São os encontros às escuras; a secretária e o patrão que têm uma relação de amor em que só não casam, não transam; o casal que vai separar, vai experimentar a solidão, mas não consegue; e por fim, a noiva que está casando pela 3ª vez, e dá tudo errado. É uma lente de aumento, uma sátira dessas situações”, conta Ernesto Piccolo, diretor também de sucessos como “Divã”, “Doidas e Santas”, “A História de Nós Dois”. (Sinopse)
Agradecimentos a Claudio Tizo, diretor de produção, que acompanha o espetáculo de perto, e sempre recebe com afeto na bilheteria, e à assessoria JS Pontes por sempre convidar o Jornal Portal e acreditar no olhar cuidadoso dado às obras e aos artistas.
DUETOS — A COMÉDIA DE PETER QUILTER
Temporada até 2/10
Teatro das Artes (Shopping da Gávea)
Rua Marquês de São Vicente, 52, Gávea
Sextas e sábados, às 21h e domingo, às 20h
Duração 90 min
Classificação livre
Ingressos R$ 100 e R$ 50 (meia)
Ingresso popular (10% capacidade) R$50 e R$25 (meia)
Vendas bilheteria e www.duetosacomedia.com.br
Informações (21) 2540-6004
FICHA TÉCNICA
Texto: Peter Quilter
Direção: Ernesto Piccolo
Elenco: Patricya Travassos e Marcelo Faria
Cenário: J.C. Serroni
Figurino: Claudio Tovar
Iluminação: Aurelio de Simoni
Preparadora Corporal: Dani Visco
Trilha Sonora: Rodrigo Penna
Visagismo: Rafael Senna
Registro Fotográfico: André Wanderley
Assessoria de Imprensa: JS Pontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
Diretor de Produção: Claudio Tizo
Produtora Administrativa: Filomena Mancuzo
Produção Geral e Administração: Sérgio Lopes – Inova Brand
Produção Geral e Marketing: Mauricio Tavares – Inova Brand
Realização: Inova Brand
Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo