Até o Porta dos Fundos teatrou

Já se passou mais de um ano assistindo ao “teatro” on-line. Certamente, um aprendizado inesquecível para todos. Para técnicos, artistas, coletivos e principalmente para os espectadores. Nada foi tão realista e cômico quanto a esquete “Teatro Online” da Porta dos Fundos, ao mostrar por meio de suas sátiras o que realmente aconteceu a todos nós. 

São diversas plataformas disponíveis Youtube, Zoom, Google Meet, e durante esse período sugiram outras específicas para o Teatro on-line: Teatro, Wedoo entre outras.

O Porta dos Fundos, também se reinventou neste momento e como já era de se esperar, satirizou com uma retórica perfeita. Então, cabe a pergunta: o que é teatro e o que não é teatro?

E em meio a uma pandemia como essa, não cabem respostas certeiras à pergunta, mas sim, continuar fazendo arte e permitindo a cada cidadão permanecer em casa, se possível for, claro, porque nem todos têm a mesma sorte de manterem-se isolados e “protegidos” em casa, entretanto, a arte, momentaneamente retirada dos palcos e das casas de shows, deu um jeito de chegar a cada um.

E o Porta dos Fundos foi soberano ao exprimir toda essa história. Fizeram com graça e verdade.

O vídeo de quase cinco minutos resume como o que aconteceu. O audiovisual começa com o ator Rafael Infante dando boas-vindas a todos os presentes. Vale lembrar, que as companhias teatrais disponibilizaram profissionais para explicar como funcionam as plataformas, sempre disponíveis a explicar o que era novo para todos e facilitar o acesso.

Rafael encenando com as onomatopeias e sem um cenário apropriado é uma vaga lembrança do começo disso tudo, sensacional! Logo, os técnicos foram se adaptando também e profissionalizando-se às novas ferramentas oferecidas nas plataformas.

Muitas peças começaram atrasadas, muitas não aconteceram e vinham pedidos de desculpas, de tudo aconteceu, o que deu certo e o que deu errado. A conexão algumas vezes, a maior vilã, como alguns tiranos de Shakeaspeare. Mas mesmo frente a tantos desafios, os artistas ousaram, se reinventaram, insistentes, até conseguirem entender dessa dinâmica virtual e tirar o melhor proveito dela. 

Os artistas passaram por momentos constrangedores, às vezes as filmagens não ficavam boas e era preciso mudar a iluminação, ou melhorar o áudio, ou até recomeçar de novo, mas foi possível fazer isso, junto à plateia, absolutamente incentivadora.

Críticos evitaram fazer resenhas, por ainda não entenderem a situação que atravessavam. Mas houve emoção, ingrediente necessário para que um texto crítico seja construído.

Os sinais eram os mesmos e, como anuncia o terceiro sinal, tudo era para começar perfeitamente, até que áudios eram abertos e nada se ouvia, algumas vezes apenas ruídos, não se ouvia os textos, quando por meio do Chat a produção pedia para que todos desligassem os áudios, ouvia-se latidos, conversas, crianças chorando e havia desistentes, que abandavam as salas virtuais. Sim, isso tudo aconteceu!

Helena e Mariza, nesse audiovisual, foram a representação exata dos fatos, desse começo, desse enfrentamento. Em todas as esferas, dos fundos de suas estantes de livros, ou nos porta-retratos, seja como for, lá estavam elas e os espectadores do Brasil inteiro!

Joel Vieira e Fabio De Luca simplesmente fazem lembrar cenas icônicas desse novo teatro. 

Quando a personagem fala de interação, fica impossível não falar como os artistas brasileiros coloram a plateia à votação, a jogos e à participação cênica. Foi um verdadeiro show, dentro de quase todos os lares brasileiros. Espectadores viraram artistas e vice-versa.

Permite-se até dizer, que quase todos prestigiaram e vivenciaram de algum modo essa nova forma de se fazer teatro — porque existem aqueles que perdem tempo em atear fogo às portas das produtoras.

Os roteiristas Fabio Porchat, Edu Araújo e Manuela Cantuária foram exímios em sua “dramaturgia”, entendedores da cultura e a tudo que está atrelado a ela. 

Os amantes de teatro, os defensores das artes, porque quem vai ao teatro intercede a favor da cultura, entendem a sua importância para a sociedade, sabe que um povo sem raízes acaba se perdendo em meio à multidão. E o Brasil plural e multicultural não mereceria isso!

Se o vídeo da Porta dos Fundos é Teatro? 

Não há uma resposta exata, mas é exatamente essa nova maneira de se fazer arte, que se assiste pelas plataformas digitais de Norte a Sul desse país.

E que salve o teatro brasileiro!

PORTA DOS FUNDOS – TEATRO ONLINE

Gratuito 24 horas

Disponível no Canal da Porta dos fundos, no Youtube

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=Zs_TgAQ8Spc

 

FICHA TÉCNICA

Elenco:

Rafael Infante

Fabio de Luca

Nathalia Cruz

Joel Vieira

Roteiro:

Fabio Porchat

Edu Araújo

Manuela Cantuária