Redesenhar, ressignificar e redescobrir a história é a provocação do espetáculo Leopoldina.
A princesa austríaca chegou ao Brasil ainda muito jovem para desbravar a terra tupiniquim descoberta por Cabral, espalhou beleza, participou ativamente da vida política do Império e nada mais justo, a homenagem e o reconhecimento. A atriz que a encarnou está simplesmente perfeita e encantadora, Sara Antunes hipnotiza durante o espetáculo.
José Bonifácio é encenado por Plínio Soares, ousado em uma postural corporal elegante, traz perfeição ao personagem. Uma verdadeira lindeza, com presença de palco e voz potente.
Ao entrar no teatro, a recepção é sonora, feita pelo canto dos pássaros da fauna brasileira, tudo remete ao tropical, ao Brasil. Estabelece-se uma conexão imediata, renasce o patriotismo em cada espectador e a nacionalidade lhe sorri, mesmo antes do terceiro sinal.
E para que a história não durma em berço esplêndido, personagens históricos renascem. Permeiam esta obra-prima. Mesmo virtualmente, uma tomada externa faz o trabalho ainda mais visceral e traz uma ideia de ressurgimento.
Com texto riquíssimo, talvez um dos melhores e mais nobres da atualidade, neste universo cênico.
Quantas histórias e verdades narradas ressignificam o entendimento histórico?
Ao autor dessa obra, gratidão. O belíssimo espetáculo esteve no Centro Cultural do Banco do Brasil e agora está disponível nas plataformas digitais para acesso de todos.
Marcos Damigo vestiu-se de mulher, para sentir Carolina Josefa Leopoldina de Habsburgo e sua alma feminina e ter um olhar tão profundo sobre essa tão importante personagem no contexto histórico do Brasil. É um mergulho no século XIX, sem uma fagulha de insanidade.
Assistir a Leopoldina ensina além da história do país, o quanto ainda hoje, a herança do patriarcado machista está impregnada na sociedade. Quantas afrontas sofreu Leopoldina por ser mulher, culta, poliglota, visionária, engajada, em uma época de mulheres invisíveis? Leopoldina, ao contrário do que impunha a sociedade da época, fez-se notável.
Um cenário delicado com uma linda tela em tecido ao fundo, nos moldes das pinturas do palácio imperial e a natureza emoldura a cena. Figurinos bem elaborados.
A bela protagonista transpira história com falas irretocáveis. O papel lhe caiu como uma luva. Sara Antunes fala com os olhos.
A musicista presente merece todo reconhecimento em palavras escritas, perfeita! Bravo! Uma ópera tropical sem defeitos!
LEOPOLDINA
Curta temporada de 8 a 14/3
Estreia, dia 8/3, às 20h30
De 9 a 12/3, 3 sessões, 10h30, 15h30 e 20h30
Sábado (13) e domingo (14), 15h30 e 20h30
YouTube com opção de legenda
Facebook com interpretação em Libras
Contribuição voluntária chave Pix: leopoldinaproducao@gmail.com
FICHA TÉCNICA
Autor e Diretor Artístico: Marcos Damigo
Elenco: Sara Antunes e Plínio Soares
Música: Ana Eliza Colomar
Figurinos: Cássio Brasil
Cabelo e Maquiagem: Otávio Maciel Gonçalves
Assistente de direção e produção: Vítor Gabriel
Consultor Histórico: Paulo Rezzutti
Produção Audiovisual: Central SP Produções
Direção/Edição: Alexandre Leal
Direção de fotografia e câmera: Jones Kiwara
2a câmera e fotografia still: Josemar Gouveia
Áudio: Wagner Pulga
Produção: Orlando Chavatta
Assessoria de Comunicação: Agência Fervo/Priscila Cotta, Teresa Harari e Fabiana Cardoso
Identidade Visual: PrisLo
Design gráfico: Ramon Jardim
Diretora de produção: Fernanda Moura
Realização: Palimpsesto Produções Artísticas