Cada um está vivendo o pós-pandemia de um jeito. Com a situação bem mais favorável em relação à Covid-19 no Brasil, a vida está voltando a possibilitar mais tranquilamente rotinas que eram rotinas antes do caos causado pelo vírus e pela doença. Cada volta tem sido de reencontro e reencontro é melhor que primeira vez, porque é como se fosse metade primeira e metade última.
“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”, diz Vinicius de Moraes. Pois no novo normal, ou velho anormal, ou velho normal, sei lá, nessa fase presente, a vida tem sido a arte do reencontro.
Não é de agora que estou flexibilizando emoções. Já tem uns meses – talvez desde sempre. Alguns desses reencontros depois do período mais agudo da pandemia marcaram. O primeiro bar com os amigos, por exemplo. O fígado, criado em casa por mais de um ano, não era mais o mesmo. Mas já voltou à ativa. Tem coisas que nem uma peste mundial muda.
A volta ao Maracanã foi uma sensação de encantamento. Essa realmente parecia a primeira vez. Andei meio deslocado em meio à multidão. Parecia que pisava em nuvens. Ou em ovos.
Quando rolou a volta à multidão em um evento de rua, uma roda de samba, eu já estava à vontade. Jogando em casa. Tudo bem, tudo certo. Nada, nada, nada em volta estava deserto. O gosto de vida entrava pelos ouvidos.
Rever amigos que ainda estavam mais reclusos também foi potente. Igualmente ao som enferrujado da minha banda, que estava sem ensaiar em conjunto há meses e meses. Agora está tudo fluindo na devida frequência.
Reencontrar é melhor do que encontrar. Reencontro é confirmação. Certeza do que já foi bom. Ou até mesmo tentativa de acertar o que não começou tão bem. Ir e vir da convergência. O reencontro só é possível com o sabor agradável. O resto é perdição.
“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”, diz Vinicius de Moraes. Por um tempo, vamos ter que adaptar o poeta e contemplar a arte do reencontro.