No ano em que a Walt Disney comemora cem anos de existência, abrimos este espaço voltado especialmente aos pequeninos. O Jornal Portal entende a importância de uma coluna exclusiva voltada ao público infantil, com olhar crítico, diferenciado e cuidadoso, que possa ajudar papais, mamães, avós, tios e professores a elegerem e ofertarem bom entretenimento cultural, peças e musicais com conteúdo artístico e textual valoroso para a formação das crianças, desse modo contribuindo na formação da plateia do futuro.
Nada mais justo que inaugurar esta coluna com a imensa obra de Maria Clara Machado, considerada por tantos a maior autora de peças para o Teatro Infantil do país, com quase trinta peças escritas voltadas a esse exigente público. É com muito orgulho que trazemos até vocês “Pluft, O Fantasminha”!
Inspirada pela estética dos animes e mangás, a Cia PeQuod celebra os 100 anos de Maria Clara Machado com uma montagem da mais famosa obra da dramaturga.
“Pluft, O Fantasminha, o célebre personagem, que morre de medo de gente, viverá uma grande aventura ao encontrar a menina Maribel, sequestrada pelo temido pirata Cara de Mau. Esse encontro inusitado dá ao protagonista o impulso e a coragem para crescer e enfrentar o mundo”. (Sinopse)
A linguagem do espetáculo é totalmente infantil, fácil de ser entendida pelo seu público-alvo.
“Companhia carioca, com 22 anos de atuação, que se dedica ao teatro de animação, a PeQuod aposta na interseção de linguagens como um de seus diferenciais. Desde sua fundação vem aprofundando experiências que tem resultado numa cena de renovação para o Teatro de animação e que tem refletido uma aproximação entre o Cinema, a Performance, a Dança e a Cultura pop contemporânea.”
O que falar da PeQuod? Podemos resumir em uma só palavra: perfeição!
A companhia estava no estado de São Paulo com dois grandes espetáculos sendo apresentados concomitantemente, Pluft e Pinóquio, o segundo já havia passado pelo Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro e, também, pelas páginas desse jornal, por se tratar de uma obra magistral.
“Artista múltiplo, Miguel Vellinho está completando 35 anos de carreira, trajetória que o encontra, aos 54 de idade, cada vez mais produtivo. Combativo também. Em várias frentes, o fundador da Cia PeQuod Teatro de Animação faz história no mundo dos bonecos e das gentes.” (Jornal do Brasil – Caderno B).
É uma alegria portanto, inaugurar esta coluna com Miguel, um professor. Reconhecemos a grandeza dos educadores, sem eles não existe sequer a expectativa de um Brasil melhor.
A companhia trouxe os Mangás, histórias em quadrinhos japonesas, com características marcantes nos desenhos, com olhos acentuados e expressivos. Já faz um tempinho que os Mangás estão em alta entre as crianças, por serem extremamente sedutores.
Ao entrar no teatro, o cenário já está montado, um bonsai em evidência, no palco do Sesc Tijuca, está iluminado, já anunciando a estética japonesa. O cenógrafo soube dar dinâmica por intermédio de movimentos do palco dos bonecos (grandes caixas), que se movimentam durante o decorrer da peça.
As costumeiras vestimentas negras, que vestem os artistas do Teatro de Animação, foram trocadas por quimonos, em cores neutras, lindíssimos. Obra de Kika de Medina!
Em suas cabeças, pequenos leques estão na altura dos olhos, deixando as bocas livres para que as vozes reverberem livremente, como tudo no Japão, o leque também tem seu simbolismo. Sua extremidade simboliza o nascimento, enquanto suas lâminas simbolizam os muitos caminhos possíveis, com os quais nos deparamos na vida. Tudo muito bem arquitetado.
Maria Cristina Paiva e Mathilde Plisson assinam as criações dos bonecos. Não bastaria falar deles, as efusivas palmas são a resposta mais indicada. Quando Pluft e os demais fantasmas chegam à cena deixam embasbacados os espectadores, eles flutuam e estão bem iluminados, ótimo trabalho de luz executado pelo profissional Maurício Fuziyama.
As roupinhas dos fantasmas parecem pequenos lençóis, com pontas, como fantasminhas mesmo, e os cabelos feitos de um material plástico. Tudo é lindo, fantástico e encantador.
O artista que apresenta Pluft tem a entonação de voz perfeita! É doce, e até adultos precisam se controlar, pois a vontade é de levantar, roubar o boneco e abraçá-lo sem o menor medo de fantasmas! Todos adoram o Pluft! É impossível não o amar!
A prima bolha chega através do celular e com bolinhas de sabão, enquanto o gramelô (conversação improvisada sem sentido definido) é executado pela voz do artista. As crianças adoram!
Quanto aos artistas, são sempre insuperáveis, a Cia PeQuod tem a melhor ficha técnica de artistas do Teatro de animação.
Mas, chama a atenção uma cena, nascida do grandioso ator Marcio Nascimento. “Mais de 50 bonecos já foram manipulados por Marcio Nascimento, considerado um dos mais premiados atores do Teatro infantojuvenil em solo brasileiro. ”
Marcio sobe em uma das caixas do cenário e com o boneco antagonista, ambos, lado a lado, em voz contundente, falam ao público. Quem conhece as técnicas do Teatro de Animação sabe que os artistas desse estilo teatral não aparecem, então, confesso que o que assisti me chamou bastante a atenção, pois aquela cena gera uma força imensa.
Esse espetáculo merece ser visto pelo público mirim brasileiro, pois se trata de uma obra atemporal, contagiosa e merecedora de estar sempre nos palcos, pois é uma obra que nos orgulha, valoriza o Teatro brasileiro, nossa cultura e nossa arte!
Não podemos estender muito essas críticas, afinal, mamães e papais não têm muito tempo, certo?
Nosso desejo: levem seus filhos ao Teatro, dê a eles esse presente, pois, futuramente, o retorno será indubitavelmente surpreendente!
FICHA TÉCNICA
Texto original: Maria Clara Machado
Dramaturgia e adaptação: Cia PeQuod – Teatro de Animação
Direção: Miguel Vellinho
Elenco: Caio Passos, Liliane Xavier, Márcio Nascimento, Mariana Fausto, Marise Nogueira e Raquel Botafogo
Cenografia: Doris Rollemberg
Figurinos: Kika de Medina
Iluminação: Renato Machado e Maurício Fuziyama
Gênero: Bonecos e Fantoches
Trilha sonora original e produção musical: Maurício Durão
Flauta shakuhachi: Mariana Fausto
Criação e escultura dos bonecos: Maria Cristina Paiva e Mathilde Plisson
Equipe de confecção bonecos e adereços: Arlete Rua, Diego Diener, Diirr, Eduardo Andrade, Fampa Artes, Gustavo Kaz, Miguel Vellinho, Rogerinho Assis e Thaisa Violante
Adereços cênicos: Eduardo Andrade – Arte 5
Adereços de figurino: Arlete Rua
Iluminação dos bonecos: Maurício Fuziyama
Operador de luz: Celso Ferreira de Albuquerque
Operador de som: Edson Rubens Soldi e Alessandro Aoyama
Sonorização: Alessandro Aoyama
Cenotécnicos: Anderson Batista Dias Veiga e Djavan Costa
Equipe de montagem de luz: Felipe Miranda, Larissa Kalusinski e Maurício Fuziyama
Costureira cenário: Nice Tramontin
Costureiras bonecos: Maria Amélia da Silva e Maria do Carmo
Assistente adereços cênicos: Marcely Soares
Assistente de produção: Gustavo Kaz
Programação visual: Roberta de Freitas
Produção local: Augusto Vieira
Produção executiva: Thiago Guimarães
Direção de Produção: Liliane Xavier
Coordenação geral: Lilian Bertin e Thiago Guimarães
Idealização: Cia PeQuod – Teatro de Animação
Realização: SESI São Paulo
Fotos: Renato Mangolin
PLUFT, O FANTASMINHA
Temporada até 12/2
SESC Tijuca (Teatro I)
Rua Barão de Mesquita, 539, Tijuca
Sábados e domingos, às 16h
Ingressos R$ 10; R$ 5 (meia), R$ 2 (credenciado) e grátis (PCG)
Classificação livre
Duração 45 minutos
Capacidade 222 lugares
Bilheteria – de terça a sábado, das 9h às 18h e
domingo, das 9h às 18h
Informações (21) 4020-2101