Questões

Voltei a fazer aula de música. Gosto de estudar os assuntos que gosto. Por isso que na escola, eu ia mal em matérias exatas. Física, eu até me interessava porque as fórmulas tentavam explicar o mundo, coisas da vida. Mas não tinha muito jeito de tirar boas notas. Até trocava com os amigos: passava cola de humanas e eles me ajudavam nas outras.

Falando em estudos, lembrei que quando entrei para a faculdade de comunicação, estava fazendo aula de contrabaixo. A indecisão entre cordas e letras me fez ficar com as palavras e desde então não estudei mais, formalmente, música. Toco, tenho banda (o nome é Oblíquos, procurem nas plataformas e redes sociais), mas não estava fazendo aula. Agora estou. Mas por que estou falando sobre isso? Ah sim. Quero falar sobre escolhas, decisões e indecisões – deixar claro o tema da crônica pode não ter sido uma boa decisão. Vida que segue. Se a gente não escolhe, a vida escolhe por nós. A indecisão tem pernas curtas.

Dividir a vida em muitas atividades, às vezes, parece difícil. E é. Segundo o meme, o segredo é fazer tudo mal feito. Mas dá para fazer mais de uma coisa de forma satisfatória. É só colocar paixão e dedicação. Sem paixão não se chupa nem um picolé, já dizia o assertivo Nelson Rodrigues.

Quanto mais o tempo passa, menos tempo parece que temos. A idade encurta as horas. Contudo, a outra opção não parece nos dar mais horas. Pelo menos ninguém nunca voltou do outro lado para dizer que os dias lá têm mais que 1440 minutos.

Como já entreguei o tema da crônica, tenho que voltar para ele – sabia que não era uma boa ideia falar o tema. Crônica boa é crônica sem tema e cheias de assunto, igual as pessoas. Na crônica, a indecisão funciona. Nas pessoas, também. Não saber o que se quer às vezes faz nossas certezas. O problema é o mundo, que acaba escolhendo por nós, de um jeito ou de outro.

Pois bem, há mais de 10 anos, no começo da faculdade, escolhi estudar comunicação ao invés de música. Depois disso, nunca mais parei de estudar jornalismo, crônicas, roteiros, técnicas literárias. Agora, voltei a ter aulas de música. Aulas básicas, não vou me tornar um teórico do contrabaixo. No entanto, seguirei estudando todos esses assuntos citados. Sem dúvidas. Na verdade, cheio de dúvidas, porque estudar é alimentar dúvidas.
Nós somos nossas escolhas. Mas também somos nossas dúvidas, inclusive as que pairam no ar, na vida e no mundo.