O espetáculo Corrida do Ouro está em cartaz na UERJ, não na concha acústica, mas no teatro Odylo Costa Filho, que inclusive é um belo teatro da Zona Norte. Uma pérola escondida, pois o fomento ainda não chegou para essa montagem contagiante. Cheia de esperança, trata-se de um grupo de jovens estudiosos, que no palco, encenam uma das melhores peças em cartaz no momento. E pasmem, estará em cartaz só até o próximo fim de semana, até domingo dia 22/5.
O texto foi extraído da obra do literário Lima Barreto “A Nova Califórnia”.
“O conto, escrito em tons de fábula, em novembro de 1910, trata da ambição desmedida de homens e mulheres de Tubiacanga. Nesta pequena cidade, um misterioso químico, Raimundo Flammel, descobre uma estranha forma de fabricar ouro, e esse fato transforma a vida local. Antes vista como uma ofensa moral a todas as religiões e preceitos, a cobiça faz a cidade mudar de opinião e guerrear pela matéria-prima dessa alquimia.” (Sinopse)
Uma obra singular, uma montagem extasiante, impecável, com movimento, que prende a atenção dos espectadores, em performances de alto nível.
A execução não tem arranhões e isso deixa o público boquiaberto, especialmente por se tratar de jovens atores. Entre eles, nenhum veterano.
No entanto, o professor Eduardo Vaccari, em seu sagrado ofício, trouxe essa turma estreante com excelência, como se tivesse nascido para dirigir esse espetáculo. A montagem carrega tamanha grandeza, de certo foi criada com esmero e muito estudo. Uma direção linda e consciente, atenta aos detalhes, a ponto dos amantes de Teatro reconhecerem a expertise dessa ficha técnica.
De figurinos à sonoplastia, essa executada no palco, tudo em perfeita harmonia. Toca a alma de quem os assiste!
As cores dos figurinos e a iluminação refletem sua magnitude, fazendo a plateia desacreditar no que assiste sobre o palco italiano. Os personagens aparecem com máscaras sensacionais, todas muito bem confeccionadas, que dizem muito, afinal, seres humanos corruptos e muito ambiciosos deveriam ter suas caras estampadas para que os demais não pudessem ser ludibriados, aliás, essas máscaras ficariam excelentes em certos políticos.
Os corpos dos artistas se movimentam como se fossem bonecos, parecem ter sido construídos de madeira, com articulações. Que execução divina!
Um espetáculo como esse não pode deixar de ser indicado por jurados a qualquer premiação a esses fazedores de Teatro, pois há motivos de sobra para estarem entre os melhores. E quando o Teatro de animação é apresentado, os espectadores ficam surpresos, pois é dominante e visível a capacidade cênica desses profissionais. Uma peça encantadora e estarrecedora pelo seu contexto.
Lima Barreto deve estar satisfeito e Machado de Assis também, pois a peça é sucesso de crítica e exatamente por isso, a indicamos aos nossos leitores como imperdível e necessária!
FICHA TÉCNICA
Texto: A partir do texto de Lima Barreto A Nova Califórnia
Direção: Eduardo Vaccari
Elenco: Aline Marosa, Arianne Felix, Fernanda Klayn, Gabriel Moura, Gabriela Checchia, Julia Pastore, Nathalia Cantarino, Rodrigo Ladeira, Rodrigo Lima, Thiago Penna Firme e Yani Patuzzo
Direção Musical: Charles Kahn
Cenografia: Alice Bodanzky e Eduardo Vaccari
Iluminação: Mauricio Fuziyama e Rommel Equer
Figurinos: Nivea Faso
Assistência de Figurinos: Aline Marosa
Confecção de Bonecos: Fernanda Klayn
Programação Visual: Marcio de Andrade
Fotografias: Kaio Caiazzo
Máscaras: Ida Bagus Anom Suryawan, Mahendra Adiyasa I Kadek, Nyoman Naranata
Nyoman Setiawan
Produção: Maschere Ateliê
Realização: Teatro Odylo Costa Filho/UERJ
A CORRIDA DO OURO
Teatro Odylo Costa Filho
São Francisco Xavier, 524, Maracanã (UERJ)
Temporada até 21/05
Quintas, sextas e sábados, às 19h
Classificação 16 anos
Duração 100 minutos
Gênero Drama
Ingressos variam de R$ 20 e R$ 10 (meia)