Toda vez que aparece o vídeo da senhora cantando a linda música “Andança”, no karaokê, na varanda de sua casa, eu peço bis. “Me leva, amor”. O mundo está um caos, mas a tia com o microfone na mão não quer guerra com ninguém.
Fecha os olhos e solta os versos: “Já me fiz a guerra por não saber (me leva, amor) /Que esta terra encerra meu bem-querer (amor) /E jamais termina meu caminhar (me leva, amor) /Só o amor me ensina onde vou chegar”.
Nada importa, nem mesmo a nota que o aparelho vai mostrar quando a música acabar. Os únicos números que merecem ser notados são os que dizem qual é a próxima música a ser cantada com a liberdade de um céu azul.
Nem saber cantar é necessário. Quem precisa de tantas regras? É libertar a voz e o que mais precisar sair para passear com ela, para perto ou para longe. Só agora ou nunca mais. Ou nunca mais.
Democrático, um karaokê une todas as tribos. Nem precisa cantar Nirvana. Mas o pagodeiro escolhe logo uma da banda grunge, enquanto o amigo do Rock cai nas graças de um Arte Popular. Ninguém reclama desse apogeu. Ah, o mundo tem muito que aprender com certos momentos.
Esse mesmo mundo, que está um caos, deveria seguir os passos da senhora cantando “Andança” no karaokê. Me leva, amor!