A dançarina negra e a história do mundo 

Que maravilha ter Josephine Baker entre nós novamente, a atriz Aline Deluna transcende em seu trabalho cênico e personifica a dançarina negra, uma das mulheres ativistas mais influentes do século XX.

A atriz foi premiadíssima por essa execução, não poderia ser diferente, frente ao espetáculo que salta aos olhos dos espectadores. Não pelos prêmios, mas por toda desenvoltura e domínio do palco, apresentado por essa preciosíssima atriz.

Josephine se aproxima de todos, seja na plateia presencial, ou virtual, os figurinos são perfeitos, aliás, há uma cena em que a atriz senta em um balanço entre penas amarelas, que transporta aos céus, parece um sonho, daqueles bem hollywoodianos. Sensacional! Caracterização perfeita, vale assistir ao teatro filmado.

Os clássicos musicais escolhidos são magníficos, uma seleção musical primorosa, a versão brasileira de Josephine Baker provoca delírios.

Que voz a atriz carrega, parece um rouxinol bilíngue, canta em inglês e francês.  Tudo executado com perfeição, passeia por diversos ritmos Charleston, Ragtime, Jazz e Samba. As luzes são feitas para ela.

As expressões corporais e faciais de Aline são um espetáculo à parte, especialmente encantadora e deslumbrante! Uma dançarina tal a qual Josephine!

A dramaturgia convida a conhecer uma boa parte da história dessa mulher, de sua infância miserável e violenta em Saint Louis à marcha ao lado de Martin Luther King. Ela faz rir e emociona enquanto conta sua história, uma história de luta, de guerra e de coragem. Uma força incansável contra a segregação racial.

E assim, dentro dessa narrativa biográfica, o espetáculo ganha corpo, forma e identidade, digno de contemplação. Sucesso de público e crítica, desde 2017.

A performance de quando ela baila de sapatilhas e se põe na ponta dos pés traz um momento de total apreciação da notável Vênus Negra!

Sua história de resistência merece ser contada sempre, pois tiranos se levantam a todo tempo, e o show não pode parar!

A banda que acompanha a atriz é formada por profissionais de peso, que agregam ao show de forma indiscutível. Músicos completos, visivelmente conectados com a atriz.

A dançarina Josephine Baker esteve no Brasil e também em muitos outros lugares do mundo. Todo o espetáculo está em perfeita harmonia. Na verdade, a ficha técnica merece ser mencionada com devoção sempre que se falar de “Josephine Baker — A Vênus Negra”.

E você vai perder?


JOSEPHINE BAKER – A VÊNUS NEGRA

Gratuito

Disponível no Youtube: 

https://www.youtube.com/watch?v=h2J8CGp6_5I

FICHA TÉCNICA

Texto: Walter Daguerre

Direção: Otavio Muller

Direção musical: Dany Roland

Direção de movimento: Marina Salomon

Elenco: Aline Deluna – Atriz

Músicos: Dany Roland (bateria e percussão),

Christiano Sauer (contrabaixo violão e guitarra),

Jonathan Ferr (piano e escaleta)

Camareira:  Rita Martinusso

Cenário e figurinos: Marcelo Marques

Iluminação: Paulo César Medeiros

Projeto de som: Branco Ferreira

Preparação vocal: Débora Garcia

Visagismo: Guto Leça