Um espetáculo divertido e com um tema que lava a alma de qualquer brasileiro em sã consciência.
O feitiço se volta contra o feiticeiro, só que dentro de uma ficção, quiçá essa fosse a realidade, ao menos o povo não se sentiria tão agredido por tanta falta de decoro por parte da família real.
Não tem como desabonar estes jovens atores pela façanha mais bandida até o momento, não foi em vão ganharem um dos melhores prêmios do Teatro, na categoria jovem.
Sarcásticos e cenicamente perfeitos. O elenco realmente está confortável com seus personagens, alguns brasileiros também ficariam, diante do caos que o país atravessa por falta de um governo mais atuante frente a pandemia, e “negacionista” diante do caos.
O clã não tem mais agradado a sociedade como antes, agora os opositores são em maior número e com isso o espetáculo passa a ser um quindim para os espectadores não apoiadores desse desgoverno.
Na sátira, tudo começa com o filho número 3 sendo assassinado em um cabaré. Cabe a cada um dos espectadores ser o detetive e descobrir quem o assassinou. Uma divertida brincadeira se estabelece entre o elenco e o público. A plateia reage, opina, questiona e até interroga os possíveis culpados.
A peça é desaconselhada a menores de idade. Sensualidade aflorada, drogas e palavrões, nada fora da normalidade cotidiana a que todos são expostos, até o avião da comitiva presidencial contém drogas (literalmente!). Abaixo a hipocrisia!
Afinal, o cenário do crime é um cabaré e como todo cabaré a sedução é explícita, assim como são bem-vindos os excluídos da sociedade. O famoso “inferninho”, onde ninguém se salva, todos são cúmplices.
O público ajuda um dos artistas a chegar ao assassino, a aparição do presidente estereotipado como de fato ele é e vestido com a faixa presidencial é sensacional, impagável. Afinal, o presidente e pai zeloso sempre dá um jeito de salvar a imagem dos seus filhinhos.
Os figurinos? A trilha sonora? O cenário? E a iluminação? Perfeitamente precários, tudo em harmonia e diverte justamente pelo clichê apresentado.
Será que diante de mais de trezentas mil mortes, esses jovens artistas estão preocupados com uma resenha crítica que os qualifique? Acredito que não! De certo que não!
Chega um momento em que o brasileiro cobra mudança e vacina!
O ator que dá as pistas é Felipe Aidar, com muita uma clareza e o tom de voz adequado ele conecta o público com muita facilidade. Suas expressões faciais são as melhores, impossível não gostar!
O cabaré conta até com um profissional de outro país, que arranha um castelhano de lascar, que cai muito bem.
Maquiagens a todo vapor, haja cor!
De certa forma, “Caso Cabaré Privê” alivia a tensão, que os brasileiros vêm sentindo há tempos. São quase duas horas de espetáculo, que passam voando devido a interação do público.
Que no futuro, alunos de história e de teatro possam usar esta página como fonte de estudos e percebam a importância dos artistas brasileiros, em um momento crítico, quando não se alienaram e cumpriram seus papéis, não só de acusar e fazer chacota com o político brasileiro – merecidamente, mas de ocupar as mentes, fazer rir do incontestável e fazer pensar.
No futuro, deverão saber que os jovens artistas do Cabaré Privê influenciaram e não se calaram em nenhum momento, denunciaram para a sordidez deste governo, trazendo toda podridão à tona, expressando da melhor forma o grito do povo estancado na garganta, sem medo, sem censura, enquanto puderam.
O cabaré é o lugar dos excluídos e isso somos todos, em algum momento.
Uma coisa é certa, se é para ser preso quem chamar de genocida o presidente, obviamente estar numa cela com esses jovens e sensacionais artistas será muito mais divertido!
Foto Ana Alexandrino
CASO CABARÉ PRIVÊ
Temporada: até 4/4, às 21h
Duração: 90 minutos
Classificação 16 anos
Ingressos: R$20 (preço único)
Capacidade: 50 espectadores
Venda ingressos e acesso à transmissão: Sympla.com.br
FICHA TÉCNICA
Concepção e Direção: Pedro Granato
Dramaturgia: Tainá Muhringer e Felipe Aidar
Assistente de Direção: Felipe Aidar
Elenco: Andressa Lelli, Bella Rodrigues, Bruna Martins, Carolina Romano, Claudia Garcia, Gabriela Gonzalez, Gustavo Zanela, Helena Fraga, Jade Mascarenhas,
Letícia Calvosa, Ludmilla Cohen, Luiza Guilien, Isabella Melo, Manuela Pereira e Renan
Ramiro
Detetive: Felipe Aidar
Convidado Especial: Thiago Albanese
Videomaker e Operador de Zoom: Gustavo Bricks
Direção Musical: Pedro Monteiro
Direção de Arte: Renan Ramiro
Iluminação: Ariel Rodrigues
Figurino: Isabella Melo e Gustavo Zanela
Confecção de Figurino: Haus of Le Blanc
Coreografia: Ines Bushatsky
Fotos: Ana Alexandrino e Gustavo Bricks
Designer Gráfico: Lucas Sancho
Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli
Produção: Contorno Produções e Pequeno Ato
Direção de Produção: Jessica Rodrigues e Victória Martinez