Para sorte dos brasileiros “IN Extremis” está na plataforma Zoom.
É agora a hora de assistir, ou se embasbacar com a performance desses artistas, que encarnam, visceralmente, o irlandês Oscar Wilde contemporâneo e a louca cartomante visitada pelo literário. Um espetáculo que mergulha fundo na criatividade!
Dramaturgia nada rasa, muito pelo contrário, embora cômica. Trata-se de uma comédia dramática. Uma sucessão de palavras bem colocadas faz desse trabalho um imã audível.
Embora escrita pelo inglês Neil Barlett, o texto mais parece uma obra brasileira.
A famosa cartomante, interpretada pelo ator Daniel Infantini, simplesmente arranca admirações profundas. Perdida entre pulseiras, pós e tecidos dourados, merece os louros da vitória porque é fato a designação da glória, do triunfo alcançado por meio dessa retórica performática.
É de ficar estupefato com tamanha encenação cênica, nada é tão perfeito quanto ao que se assisti. Uma obra encantadora, que provavelmente permeará sua memória.
Oscar Wilde, interpretado pelo grande ator Flávio Tolezani, tem a dimensão de Wilde, engraçado, porque embora seja uma sátira, não parece distante do que se pensa do célebre autor de clássicos, que reverberam até os dias de hoje.
A postura do ator é de uma excelência singular. As expressões faciais de ambos são grandiosas, eles se encaram e duelam com majestade. Apesar de diferentes, conectam-se com harmonia imensurável. Um nascido para o outro!
Um áudio visual incrível e encantador.
Wilde leva-nos a reconhecer o valor literário deixado por ele como legado, então o uso do dourado se justifica, está tudo muito dourado, o que remete a ouro, valor justo dado a Wilde, mesmo com sua história tão dolorida.
Vale lembrar que Wilde viveu na Era Vitoriana e se por um lado questões ideológicas sombrias rondavam os ingleses, o momento foi rico para o entretenimento em outros aspectos da sociedade. A tal Revolução Industrial que o diga…
O sarcástico fez morada na obra-prima, executada com total destreza.
E que figurino é esse? A caracterização de ambos tem uma magnitude não habitual nos tempos atuais. De perucas a maquiagens, de “Priscila a rainha do deserto” a 1854, tudo muito provocativo, leva expectadores a ereções pompeicas de prazer!
Que estética divinal! Objetos bem postos e utilizados, nada mais bem colocado e trabalhado do que o apagar da última vela por Tolenzoni.
Mais uma vez o artista e a dramaturgia gritando, evidenciam o que é o teatro!
Pode-se escrever numa resenha duas ou três páginas de “In Extremis” e não será possível
Descrever o tamanho da beleza dessa obra.
Os candelabros, a fumaça do cigarro e o spray do cabelo ajudam na construção das cenas.
Neil Bartlett beijaria os pés desse elenco primoroso. As dicções e os sotaques, utilizados com perfeição, artimanhas necessárias para que a obra-prima aconteça com identidade própria.
A execução perfeita, um olhar visceral e imponente do diretor Bruno Guida, que soube conduzir suas estrelas ao céu!
Quando o clássico é entrelaçado à atualidade é um abuso de ousadia. O espetáculo traz a vida de Wilde, mas o que surpreende é descobrir que ainda há tanto a saber sobre ele.
Um espetáculo imperdível!
IN EXTREMIS
Curta temporada até 10 de março
Terças e quartas às 19h
Ingressos gratuitos
Ingressos e Transmissão pela plataforma Sympla:
https://www.sympla.com.br/contornoproducoes
Classificação: 14 anos
FICHA TÉCNICA
Texto: Neil Bartlett.
Tradução: Bruno Guida.
Direção: Bruno Guida.
Elenco: Daniel Infantini e Flavio Tolezani.
Assistente de direção: Mateus Monteiro.
Treinamento em Hipnose: Fabio Puentes.
Iluminação: Aline Santini.
Cenário: Flavio Tolezani.
Figurinos: Daniel Infantini.
Adereços: Marcela Donato.
Maquiagem: Daniel Infantini.
Direção de transmissão: Vitor Vieira.
Operação de câmera: Camila Picolo.
Produção Executiva: Leticia Gonzalez.
Operação de Luz: Marcel Rodrigues.
Assistente de Iluminação: Gabriele Souza.
Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes.
Fotografia: Hemerson Celtic.
Identidade Gráfica: Anna Turra.
Design Gráfico: Lucas Sancho.
Idealização: Bruno Guida.
Produção: Pitaco Produções e Contorno Produções.
Direção de produção: Jessica Rodrigues e Victória Martinez.
Foto Carla Trevisiani