A luz da vela ilumina o cenário e revela um lugar simples, no frio de Londres, final do séc. XIX.
O monólogo teatral, inspirado na trajetória e na obra da escritora russa Helena Blavatsky, relembra sua forte ligação com a Índia e seu encontro, em Londres, com Gandhi. A peça traz um recorte do quarto de Helena Blavatsky, onde ela se encontra sozinha, no seu último dia de vida.
Helena revisita suas memórias, seu vasto conhecimento, adquirido pelos quatro cantos do mundo, se depara com sua força mediúnica e as consequências de suas escolhas. A fundadora da teosofia, que influenciou os hippies, conhecida como a “mística russa”, jogou-se na mediunidade e seguiu seu caminho, tendo sido a primeira mulher a pisar no Tibet.
“Helena Blavatsky, a voz do silêncio”, é um mergulho no universo que existe dentro de cada um.
Toda vez que se assiste a um espetáculo, que fala dessa mulher, impossível não ter a sensação de que a encarnação não é só cênica, mas também espiritual.
Outros espetáculos com o mesmo tema, outras atrizes também transbordam espiritualidade ao interpretá-la. Nesse, a atriz Beth Zalcman alcançou o mesmo grau de elevado êxtase. Na voz da atriz, uma força inexplicável. Possível acreditar que tenha mesmo algo espiritual envolvido, pois fica explícito na defesa da atriz, em sua caminhada, numa execução bravíssima. O olhar da atriz é penetrante, ela é forte e contagiante.
O figurino remete a uma época (1891) e ao lugar vivido por Helena, segundo sua história. Na falta de um cenário elaborado e de outros recursos, a atriz dá um show de interpretação permitindo ser consumida pelo texto. A força de Helena é tamanha, que atravessa o tempo e chega ao espectador impactando-o.
Figurino e cenário, inspirados no artista francês Édouard Manet, mergulhados no silêncio e na força de Helena.
A iluminação transmite ansiedade, deixando o ambiente em harmonia com a narrativa.
A estética do audiovisual é convincente, sacramenta a excelência do espetáculo, tendo em vista o olhar do ator Luiz Antônio Rocha, que durante a pandemia, trouxe o andarilho de Paulo Freire, lindíssimo espetáculo, que pouco antes do isolamento social esteve também a frente de Frida khalo, A Deusa Tehuana, no Mason de France.
Este espetáculo merece estar novamente nos palcos, presencialmente. Embora sua vinda para o teatro virtual tenha tido um perfeito encaixe.
Arrepiar ao desconhecido faz parte. O desconhecido causa ansiedade e receio.
Helena foi uma figura marcante e até hoje, sua existência repercute no universo. Gandhi e Thomas Edison passaram por sua vida, tamanha sua importância.
O espetáculo, indicado a quem gosta de histórias verídicas e biografias, está disponível na plataforma do Sympla. Quanto ao lado espiritual, cada espectador definirá a obra de uma forma.
Fotos Daniel Castro
FICHA TÉCNICA
Texto original: Lucia Helena Galvão
Interpretação: Beth Zalcman
Encenação: Luiz Antônio Rocha
Cenário e Figurinos: Eduardo Albini
Iluminação: Ricardo Fuji
Assistente de Direção: Ilona Wirth
Visagismo: Mona Magalhães
Fotos: Daniel Castro
Consultoria de movimento (gestos): Toninho Lobo
Operador Técnico: Toninho Lobo
Parceria: Nova Acrópole
Realização: Beth Zalcman e Luiz Antônio Rocha
HELENA BLAVATSKY, A VOZ DO SILÊNCIO
Temporada de 14/2 a 30/3
Domingos, às 19h30 e terças, às 20h30
Ingressos: a partir de R$ 30
Acesse: www.sympla.com.br
Classificação etária: 14 anos
Parte da Bilheteria (20%), será destinada ao programa “Criança para o Bem”, destinado a crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social da periferia do Distrito Federal, mantido pela Nova Acrópole. Mais informações: https://criancaparaobem.org.br