Depois de compor e gravar um álbum durante o isolamento social, Adriana Calcanhotto vai apresentar ao vivo o repertório de “Só” exatamente como seu título sugere. No dia 5 de setembro, a partir das 21h, a cantora e compositora estará sozinha no palco do Teatro Riachuelo. Neste espetáculo, Adriana optou por dispensar os músicos que gravaram o EP com ela e decidiu por um formato em que tocará MPC, violão, guitarra e máquina de escrever. Junto a ela apenas um intérprete de libras. Os ingressos já estão à venda pela plataforma Sympla.
— Como os arranjos do álbum foram feitos com muitas participações e em diferentes cidades, nem cogitei uma banda base, também pelos motivos relativos ao isolamento social. Se fôssemos para a estrada seria diferente, acho. E cá pra nós, não vejo minha equipe desde fevereiro. Nas passagens de som, principalmente dos meus shows de voz e violão, com o teatro vazio, vivi momentos intensos nas diferentes acústicas, gosto muito de cantar na sala vazia, vai ser bom partilhar esse prazer, justifica Adriana, que promete apresentar, em primeira mão, uma canção inédita, escrita agora em agosto.
“Só” é um trabalho concebido, composto, registrado e lançado durante a quarentena, disponibilizado nas plataformas digitais em maio. Junto ao álbum, Adriana lançou, sob a direção de Murilo Alvesso, sua versão audiovisual em um grande clipe-sequência, que você assiste aqui:
— Recebi este convite para fazer um show sem público transmitido pela internet. Andei fazendo algumas lives e descobri essa novidade que é fazer show em casa para as pessoas e gostei muito, comenta Adriana, que considera a data de 5 de setembro adequada. — Considerei que é tempo suficiente para não me sentir quebrando a quarentena e botando pra trabalhar um bocado de gente junta antes de momento razoavelmente adequado — aqui no Rio os números vêm caindo. Mas o que adorei foi a possibilidade de pisar no palco, cheirar as cortinas, me perder pelos bastidores, completa.
A estética do espetáculo tem a ver com cores fortes, com um tipo de “não combinação” de cores fortes, na linha de contrastes usada na capa do primeiro álbum da artista (“Enguiço”, de 1990). — “Só” tem toda uma ambientação branca. Ele foi feito sobre a influência das ideias de branco de que se falou na Europa no começo da pandemia. A revista italiana Vogue publicou em abril uma capa toda branca, como um manifesto de luz, de razão, de renascimento e ao mesmo tempo uma celebração da medicina e as canções do “Só” foram escritas sob essa influência. Agora que tenho um pouquinho mais de intimidade com essas canções, que tanta coisa já aconteceu num espaço tão curto de tempo, por algum motivo, para o palco precisei das cores, explica.
Adriana disse que, em outras circunstâncias, conceberia um espetáculo como este. — Mas a pandemia está nos ensinando a inventar novas formas para tudo e essa é a parte boa, inventemos! — defende.
Ao falar sobre a expectativa de voltar a se apresentar numa casa de espetáculos, a artista deixa-se tomar pelo encantamento. — A expectativa é a de show de verdade, dar o máximo e receber de volta o mesmo amor. Uma turnê que começa e termina no mesmo dia, uma estreia e um encerramento, um show novo com canções novas, tudo novo pra mim, cantar para uma plateia que estará cheia, mas não ali… Mal posso esperar, afirma.