Acho muito curioso como qualquer definição, atualmente, é uma faca de dois gumes. Por isso, quando vou usar um termo para definir qualquer coisa ou pessoa eu nunca sei se vou agradar ou se me atirarão pedras. Um exemplo muito atual da vida real, e que é também muito usado na consultoria é o termo “plus size”. Ele começou a ser usado como um eufemismo, porque convencionou-se que chamar uma mulher de “gorda” seria algo pejorativo. No entanto, de repente, todas essas convenções mudaram e chamar quem está acima do peso de gorda ou gordo é o politicamente correto.
Devido a isso, está surgindo um movimento contra definições em geral, sob o argumento de que isso é restringir a liberdade da pessoa ser quem ela quiser ser. No entanto, e agora sim, chegou o momento do apedrejamento, eu acredito que algumas definições são necessárias, primeiro para conhecermos limites e segundo para sabermos como transpor esses limites caso queiramos.
Outro dia eu estava vendo alguns “stories” no Instagram, quando me deparei com um texto sobre não ser mais necessário definir o tipo físico da cliente na consultoria de estilo, sob o argumento de que o importante era aceitarmos nosso corpo e por isso só devíamos analisar nossas proporções e o peso visual.
É justamente para aceitarmos e amarmos nosso corpo, da forma como ele é, que devemos, sim, definir e conhecer nosso tipo físico. Pois, só assim saberemos como valorizar aquilo que gostamos e achamos bonito e retirar o foco do que não gostamos tanto. Ao passo que se só analisarmos as proporções e o peso visual vamos focar justamente na área que não queremos, que é aquela que já chama mais atenção.
Conhecer o seu tipo de corpo, isto é, a classificação do seu tipo físico, faz com que você tenha um olhar macro, e não restrito do seu corpo. E a partir desse panorama amplo você passa a olhar para todas as áreas do seu corpo, a conhecer os limites de cada uma delas e a perceber o que colocar em cada uma, de forma a chamar mais atenção para o que você quer destacar.
Da mesma forma acontece com as palavras de uma língua, afinal só depois de conhecermos o significado/definição de cada palavra é que conseguimos empregá-las corretamente, bem como construir frases com duplo sentindo ou com tom irônico, destacando o que é mais importante para a informação, segundo a nossa opinião.
Afinal ignorância é “1. condição de quem não sabe ou não conhece. 2. grosseria, indelicadeza”, por isso não querer se conhecer, ou estabelecer definições, nada mais é que ser grosseiro, seja com você, quando se tratar do seu corpo ou dos seus gostos, seja com o outro, quando se criam eufemismos para negar-lhe conhecimento.