O que faltou da minha lista de Natal

O que faltou da minha lista de Natal

Dezembro consegue ser mais curto que fevereiro de tanta expectativa pelo início do próximo ano. Se você é um devorador de livros e os títulos que comprou ou ganhou de presente no Natal não saciaram seu desejo, aqui vão algumas sugestões para você se presentear!

Desde a dissolução da União Soviética, houve intenso aumento de migrantes oriundos das antigas repúblicas, entre elas a Ucrânia. Muitos desses migrantes conseguiam cidadania em outros países através de casamentos arranjados. O viúvo octogenário ucraniano Nikolai, radicado na Inglaterra, decide se casar com uma jovem compatriota para garantir sua permanência no país, apesar da resistência das duas filhas adultas do noivo. Finalista do Orange e do Booker Prize em 2005, Uma breve história dos tratores em Ucraniano (Intrínseca, R$ 59,90), de Marina Lewicka, ganhou os prêmios Bollinger Everyman e SAGA daquele ano. Lançado no Brasil há uma década, o enredo não perde a atualidade, nessa reedição cuidadosa.

O thriller A menina no escuro (Faro Editorial, R$ 49), de Karen McQuestion, foi escrito para o público adolescente, porém tem ritmo que conquista leitores de qualquer faixa etária. Três histórias correm em paralelo, com personagens transitando pelos diferentes núcleos, todos em uma cidade do Winsconsin, onde a maioria das histórias da escritora, que se tornou conhecida ao lançar seu primeiro romance, autopublicado, pela Amazon. Hoje, ela já tem mais de dois milhões de livros vendidos. A menina do título é uma criança de 6 anos, mantida em cárcere privado pela mulher que a salvou da morte, quando bebê. A curiosidade de duas vizinhas leva à investigação sobre a menina, que vive uma situação análoga a de muitas crianças no Brasil, cumprindo todas as tarefas domésticas para a família que lhe dá teto e comida.

Ganhador de um prêmio Strega em 2001, o italiano Domenico Starnone alcançou fama internacional quando publicou Laços, treze anos depois. Seu nome, já era mencionado como o possível autor por trás do pseudônimo Elena Ferrante, fenômeno literário que estourou em 2011, com a tetralogia iniciada por A amiga genial, depois que um jornalista checou a vida financeira de Starnone. Ferrante poderia ser ainda, segundo a investigação, a tradutora Anita Raja, casada com Starnone. Sem dúvida, a literatura de um pode ser complementada pela do outro. Enquanto Ferrante fala de mulheres em busca de valores próprios, Starnone traz homens confusos dentro de uma sociedade que luta contra a machismo. Dentes (Todavia, R$ 64,90), lançado em 1994, chega agora ao Brasil, com mais um protagonista aturdido ao ter os dentes quebrados quando, numa discussão, a mulher atira um cinzeiro na direção de seu rosto. A família remodelada, que se estrutura no amor e não na conveniência socioeconômica do casal, permanece infeliz baseada em relacionamentos possessivos e tóxicos. O homem de Starnone busca se adequar num novo momento, antipatriarcal, sem, no entanto, corresponder às próprias expectativas de felicidade.