Mesmo após o ciclo de festas, presentes trocados nos amigos ocultos da turma da hidroginástica/crossfit/zumba, da firma, os presentes da família, compadres, afilhados, amigos… alguns títulos ainda ficaram de fora, então elaborei uma segunda lista de presentes que faltaram.
Para leitores de qualquer idade, Bolo de limão com sementes de papoula (Faro Editorial, R$ 59,90), de Cristina Campos, vai encantar tanto quanto a receita de quitutes da família, que precisa se reunir para acertar um processo de inventário. O encontro traz à tona segredos guardados por décadas de separação de duas irmãs que se tornaram desconhecidas uma para a outra. Romance de estreia da autora espanhola, já vendeu mais de 300 mil cópias no mundo inteiro e teve os direitos comprados para o cinema.
Quem não é muito de leitura, mas adora jogos de adivinhações, há de se entusiasmar com A mandíbula de Caim (Intrínseca, R$ 49,90 ), de Edward Powys Mather, que criava palavras cruzadas para o jornal britânico The Observer. Lançado em 1934, o livro permite diversas combinações que levam à identificação de seis assassinados e seus assassinos, em textos curtos distribuídos em 100 páginas. Até hoje apenas três pessoas conseguiram desvendar o enigma, recheado de referências literárias milenares. O título evoca o bíblico assassinato de Abel pelo irmão Caim, enquanto Mather assinava com o pseudônimo Torquemada, o temido chefe da Inquisição espanhola, na Idade Média. Um jogo de detetive, com páginas destacáveis, intrigante, fascinante e realmente difícil.
O contraponto entre duas mulheres de vidas pouco convencionais dá ritmo a O grande círculo (Alta books, R$ 89), de Maggie Shipstead, que se baseou na vida de diversas mulheres pioneiras na aviação para criar Marian Graves, piloto de Spitfires durante a Segunda Guerra Mundial, desaparecida ao sair em voo de circum-navegação pelo globo, nos anos 1950. Atriz que teve sucesso como protagonista de uma telessérie em criança, Hadley Baxter passa a estudar a vida de Marian, que vai interpretar numa biografia cinematográfica. Famílias desestruturadas e o ímpeto para se lançar em aventuras são pontos em comum entre Marian e Hadley, que espera descobrir o mistério do desaparecimento da aviadora. Ideal para a prima jovem que começa a trilhar os caminhos feministas.
O surgimento da favela Mãe Luiza, em Natal, no Rio Grande do Norte, nos anos 1940, é tratado literária e factualmente em Mãe Luiza – Construindo otimismo (Gryphus, R$ 129). Na primeira parte, A construção de um novo sol, o escritor carioca Paulo Lins conta como os primeiros moradores chegaram à região, construindo casas de taipa perto da Praia da Areia Preta. Hoje, um paredão de edifícios altos separa os pioneiros na ocupação local da praia. O crescimento do bairro, as melhorias obtidas pelo empenho da comunidade e do padre que da igreja católica da Mãe Luiza são narrados por membros de entidades que apoiam e financiam projetos de qualificação, educação e inserção social para aquela comunidade. Um livro-relatório importante sobre o Brasil que se esconde nos próprios centros urbanos.