Dezembro, o mês que já começa de costas, está aí, trazendo a angústia dos encontros de fim de ano, amigo oculto, festa da firma, ceia da família. Além do persistente calor nesses tristes trópicos, a escolha de presentes é quase obrigatória. Apesar dos preços nem tão atraentes quanto em natais passados, ainda vale a pena fazer boa figura ofertando livros à mancheias. A primeira listinha de Natal segue aqui.
Para comparar com a produção que acaba de chegar à Netflix, O mundo depois de nós (Intrínseca, R$ 49,90), do norte-americano Rumaan Alam, traz uma família hospedada em casa de praia isolada em férias perfeitas no momento exato de algum apocalipse no mundo real. Na segunda noite da temporada, o casal de classe média alta bem-sucedido que deixara Nova York com dois filhos adolescentes é surpreendido pela chegada dos donos da casa, à procura de um abrigo. Desconfiança e pequenos conflitos precisam ser deixados de lado enquanto todos procuram sobreviver sem informações por rádio, televisão ou internet, diante do quase total desaparecimento de outras pessoas. O título original – Leave the world behind (Deixe o mundo para trás) — descreve bem a inquietação que domina os personagens – e o leitor.
O perigo de estar lúcida (Todavia, R$ 66,90), último ensaio da espanhola Rosa Montero também teve uma tradução de título melhor em Portugal – O perigo de estar no meu perfeito juízo, que exprime de maneira mais direta a relação entre desvarios e criatividade, comum a muitos escritores. Essa estranheza que sempre reconheceu em si. Com pitadas de psicologia, fatos literários e autobiográficos, Montero volta a se expor para discorrer sobre a produção artística, sem romantizar a doença mental, afirmando que “Estar louco é, sobretudo, estar só.”
A família que devorou seus homens (Tabla, R$ 54,90), de Dima Wannus, parte da relação de uma filha adulta com sua mãe para tratar da diáspora do povo sírio, que se espalha pelo planeta e busca reencontrar a própria cultura nas memórias relatadas. A protagonista quer fazer um documentário sobre a mãe, que desfia suas lembranças, buscando as histórias de outras mulheres. A narrativa fragmentada une tantas personagens no estilo poético e visceral da romancista e jornalista Dima, filha do dramaturgo Sa’dallah Wannus.
No início dos anos 1980, a inspetora Iolanda Braga é a única mulher na 12ª Delegacia do Rio de Janeiro, em Copacabana, onde precisa lutar contra o machismo dos colegas e buscar o bandido mais procurado da cidade. Crimes em Copacabana: caçada ao dono da Babilônia (Letramento, R$ 42,90) é o sexto thriller da brasiliense Luciana de Gnone. Radicada no Rio de Janeiro há 40 anos, Luciana sempre cria tramas protagonizadas por mulheres.