Vamos festejar Clarice Niskie

Clarice Niskier chega novamente ao Portal, o que é motivo de muita alegria, pois se trata de uma das melhores atrizes do teatro brasileiro.

O Teatro carioca orgulha-se de ter uma atriz tão potente quanto ela. Sempre quando uma peça traz seu nome, se tem a certeza de se tratar de um espetáculo redondo, apreciativo.

Clarice não esteve parada durante a pandemia, muito pelo contrário, foi possível encontrá-la nos audiovisuais, nesse momento tão assombroso para os brasileiros, inclusive para os artistas, que começaram agora a retornar aos palcos.

Clarice apresentou-se no Fita — Festival internacional de Teatro de Angra dos Reis — com o espetáculo “Coisas de Mãe”, também atuou como curadora do Festival de Teatro On-line do Centro Cultural Midrash, entre outras ações ofertadas a todos que estavam isolados, se protegendo do maldito vírus.

Clarice volta presencial aos palcos, com o espetáculo “A Esperança Na Caixa de Chicletes Ping Pong”, no teatro Casagrande.

“A peça reúne 45 músicas de Zeca Baleiro (trechos ou íntegras) a fragmentos de textos de Sergio Buarque de Holanda, Eduardo Galeano, e temas livremente inspirados nos livros do historiador Yuval Harari (autor de “Sapiens: uma breve história da humanidade”. (Sinopse)

Inspirada pelas músicas de Zeca Baleiro, Clarice vai revelando sentimentos e pensamentos sobre o Brasil, a vida, o sucesso e o amor, expondo a ‘viagem’ que faz dentro de si, enquanto a trilha vai se desenrolando. Memórias, sensações, desejos, reflexões e opiniões se encadeiam de forma lúdica, desenhando um painel social do Brasil e, em simultâneo, do mundo individual da atriz. É um escândalo o texto dessa grande artista, sua dramaturgia é incrivelmente envolvente e inteligente.

Clarisse faz um mergulho à Cultura brasileira, com uma desenvoltura ímpar. Notável a bagagem cultural que carrega e imprime em suas obras. A citação do livro “Raízes do Brasil”, do imenso Sergio Buarque de Holanda, é de uma cientificidade inegável, ao questionar paternalismo ou não!

Não se trata de um texto raso, muito ao contrário, o espetáculo é recomendado para aqueles que se interessam por Cultura, que apreciam a Língua Portuguesa bem falada, para quem gosta de rimas e poesias. Quase uma hora e vinte de espetáculo passam desapercebidas.

Também não poderia ser diferente com um rico texto baseado nas obras do brasileiríssimo Zeca Baleiro, um artista de peso para o país.

As músicas do Zeca são verdadeiras obras-primas, com excelência complementam o texto e faz os espectadores se emocionarem, levando à alma análises profundas, coisas que só grandes artistas sabem fazer com maestria.

Tantas questões trazidas ao palco, tantas… que fica impossível mencionar cada uma delas. De deus ao diabo, Clarice leva a plateia a convulsões culturais, que fica impossível reprimir as emoções.

A atuação da artista também corrobora para um espetáculo demasiadamente atraente. Ela dança, sobe e desce de uma grande caixa cheia de surpresas, guardados que ajudam a compor as cenas. Movimenta-se com sutileza pelo palco, uma voz mansa e encantadora, diante de versos bem construídos por ela mesma.

O amigo de Teatro Amir Haddad supervisiona o trabalho. A direção musical é do próprio Zeca, que com a bela Clarice, rompe qualquer incerteza de não se tratar de um espetáculo mediano.

Deve-se relevar o momento em que Clarice, em seu texto, menciona Nelson Ned, primeiro latino que vendeu um milhão de discos nos Estados Unidos, homenageado por Zeca na canção “Tudo Passará”, de 1969. Letra bem observada no texto de Clarice, que fala sobre DNA cultural. Momento alto do espetáculo, todos cantam, em uma só voz com a solista, é arrebatador!

Xarlô cria o Manto Vermelho do Zeca, que está lindíssimo, com brilhos que refletem nas paredes do teatro, uma vestimenta cheia de histórias. Tem espelhos e cores, cena inesquecível, quando Clarice veste a indumentária.

A iluminação do profissional Aurélio de Simoni potencializa o monólogo, um encontro de luz que não ofusca a beleza do trabalho da artista, mas a abraça com perfeição.

Mais um espetáculo imperdível da atriz, que desde 1980 está na estrada e comemora mais de 15 anos com o sucesso de bilheteria “Alma Imoral”, atualmente, também em temporada, no teatro PetraGold, no Rio.

“A peça, que já ultrapassa a marca dos 500 mil espectadores, é uma adaptação de Clarice Niskier do livro homônimo do rabino Nilton Bonder, um solo com supervisão de Amir Haddad. Já foi apresentada em mais de 24 cidades brasileiras.”

Impossível deixar de prestigiar os feitos dessa ilustre atriz!

A ESPERANÇA NA CAIXA DE CHICLETES PING PONG

Temporada até 18/11

Amanhã, às 20h

Ingressos: R$ 80 e R$ 40 (meia)

Vale Cultura: R$ 50 e R$ 25 (meia)

Vendas pela plataforma Evetim: https://www.eventim.com.br/artist/esparanca-caixa-chiclete

Classificação Livre

As sessões seguem os protocolos de biossegurança, com medição de temperatura, uso de máscaras e apresentação da carteira de vacinação.

“Inspirado na obra poético-musical de Zeca Baleiro, o texto de Clarice é uma declaração de amor à cultura popular brasileira e um roteiro teatral de suas memórias político-sociais. A peça é uma espécie de “fico” da atriz, que expõe, poética e dramaturgicamente, suas razões para abraçar o Brasil, ao invés de deixá-lo.”

FICHA TÉCNICA

Texto, Interpretação, Direção Geral: Clarice Niskier

Supervisão de Direção: Amir Haddad

Direção Musical: Zeca Baleiro

Assistente de Direção: Maria Eugenia Tita (SP)

Criação, Confecção e Ressignificação do Manto Vermelho de Zeca Baleiro: Xarlô

Iluminação: Aurélio de Simoni

Figurino: Kika Lopes

Cenário: Jose Dias

Preparação da Voz Falada: Rose Gonçalves (Rio)

Preparação da Voz Cantada: Carlos Nascimento (SP)

Preparação Corporal: Mary Kunha

Adereçamento dos Instrumentos: Xarlô

Confecção da Esperança: Fernando Santana

Pesquisa de Sonoridades Instrumentais: Simone Sou (SP), Bethi Albano (Rio)

Pesquisa Coreográfica (Dança Charme): Marcus Azevedo

Direção de Cena, Operação de Luz e Som: Carlos Henrique Pereira

Arte Gráfica: Carol Vasconcellos

Cenotécnico: André Boneco

Assistente de Figurino: Sassá Magalhaes

Assistente de Iluminação: Guiga Ensá

Fotos: Zé Rendeiro

Assessoria Jurídica: Luciana Arruda (SP)

Apoio Cultural: Plano Consultoria

Direção de Produção: José Maria Braga

Realização: Niska Produções Culturais

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany