Nosso Pinóquio de Ouro

Isso pode ser chamado de um verdadeiro espetáculo infantil! Uma obra-prima do Teatro nacional, impossível não reconhecer a maestria desse elenco e dessa produção. O espetáculo “Pinóquio” é imenso e a Cia. PeQuod extremamente gentil ao presentear a sociedade carioca com esse belíssimo trabalho. Existem companhias de Teatro que despertam todas as nossas emoções, a Cia de Teatro Artesanal e a Cia. PeQuod são simplesmente divinas e tiram nossos pés do chão quando chegam aos palcos. Prodigiosas, não erram, sempre geniais em suas montagens. O espetáculo “Pinóquio” transporta o público para um universo mágico, bem distante desse momento de incertezas e pandêmico que o mundo vive. Nada que se fez em 2021 para o público infantil foi tão visceral quanto esse espetáculo.

A vontade é de poder colocá-los em uma caixinha de música e quando for preciso sonhar de olhos abertos, assisti-los novamente!

A figurinista Kika de Medina merece todos os prêmios pela composição das indumentárias, que permite aos espectadores um mergulho na obra. Os fantoches, integrantes do conto do boneco de pau, são suntuosos em suas vestimentas, assim como os demais.

O Cenário está um desbunde, tudo muito lúdico e elegante, mesmo contando com um espaço pequeno, faz com que todos viajem com o protagonista, da escola dos burrinhos à barriga da baleia, que inclusive evidencia onde vão parar as garrafas pets de plástico, que demoram décadas para se degradarem, um alerta aos malefícios sofridos pelo meio-ambiente. Sensacional mensagem! Doris Rolemberg merece um salve!

A música é do magnânimo Tim Rescala, só cabem aplausos e mais aplausos por mais uma obra digna de louvor! Entre os músicos que acompanham a obra: João Paulo Romeu dos Santos e David Ganc, Rodrigo Revelles e Tibor Fittel. Verdadeiros maestros em plena forma!

O elenco maravilhoso é composto por Liliane Xavier, Mona Vilardo, Maria Adélia, Marise Nogueira, Márcio Nascimento, João Lucas Romero e Santiago Villalba.

Marise Nogueira apresenta o Grilo Falante e rouba gargalhadas em suas performances. Sempre ao entrar vem cantarolando “cri cri cri cri cri cri cri”, uma super atuação, um trabalho tão incrível, que fica difícil imaginar outro artista para o personagem. Uma guardiã do grilo, a atriz sorri com a alma nesse papel, está notável, ou melhor dizer, perfeita!

Márcio Nascimento, artista competente, que provoca na plateia emoções difíceis de serem contidas e já passou por essa coluna algumas vezes. Márcio é deslumbrante em todos os seus trabalhos, mesmo sem fomento, construiria personagens com guardanapos se necessário fosse. Impossível apontar um defeito em seu trabalho, ele é um orgulho para os brasileiros quando se fala em Teatro de animação.  E se eterniza na cena com a lanterna dentro do enorme animal marinho à procura do seu filho Pinóquio!

Mona Vilardo é uma atriz atuante, sua voz deixa qualquer espectador enfeitiçado, a atriz está belíssima em todos os personagens que executa. Mona é um chamariz, os olhares se voltam para ela, expressões faciais perfeitas falam por si, está divina. Não existem palavras suficientes para falar sobre essa montagem executada com imponência e muita competência!

Santiago Villalba, excelente tenor, sem sombras de dúvidas, um dos melhores. O artista já participou de outros grandes musicais, mas parece ter se encaixado com perfeição nessa obra, sua faceta em palco é alavancada por suas composições corporais. Ele atua com o corpo, se posiciona com elegância. Não é somente uma casaca dourada que faz dele um nobre, mas sim seu enlace com o personagem, fidedigno.

João Lucas Romero abre o espetáculo com um pedaço de madeira que reclama aos toques dele, lindo mesmo! E ele abre-alas e chancela para o divino. Exatamente isso! João faz parte de uma safra de artista que sabe dançar conforme a música. Abraça seus personagens sem medo, não peca em absolutamente nada. Extrapola a essência do certo e entra na frequência do eficaz, do divino. Não é bom somente diante das câmeras, mas um ator de Teatro deslumbrante! Até mesmo quando um personagem mau, causa hipnose.

Maria Adelia: a criatura má não surpreende, pois se trata de uma atriz reconhecida, excelente em seu ofício. Ela fica bem em todos os personagens que executa. Da perversa ao palhacinho bom, ou ao fantoche, incrivelmente dinâmica. Uma conhecedora das ferramentas cênicas, bem aplicadas em suas montagens. Expressões corporais sempre bem executadas. Impossível se deter diante das suas personagens. Talento puro, principalmente quando fala para o Pinóquio os cuidados que ele deve ter com os “homens de bem”!

Como Pinóquio, Liliane Xavier é simplesmente uma imensidão de atriz. Ela é circense, cênica e tudo mais que se pode esperar de uma profissional da arte. Ela corre sem sair do lugar, sorri e dança, faz-se um boneco articulado em seus movimentos e delicadamente conquista o público. Liliane é, inquestionavelmente, uma atriz potente, mesmo delicada e sutil em sua atuação sublime. Dá vontade de assisti-la como Pinóquio para sempre. Excelente escolha para o boneco que não só conquistou Gepetto, mas a plateia inteira do Centro Cultural. Ela não sai do palco, e seria uma dádiva se não saísse mesmo!

Todos os artistas contam com excelentes caracterizações (maquiagens) e objetos de cena, tudo minuciosamente pensado.

A iluminação de Renato Machado é outra assinatura de peso, quantas nuances espetaculares. O cenário e a iluminação dão aos espectadores a sensação de estarem todos dentro de uma história viva! A coreógrafa Claudia Radusewski e Bárbara Abi Rihan, assistente de quase tudo, trouxeram movimentos fantásticos ao espetáculo.

Ah! O contrarregra Divany de Suza também se deixou abraçar pelo Teatro, ou o Teatro o abraçou com perfeição, pois atua e trabalha com vigor no palco italiano!

Há de se pedir perdão pelos nomes não mencionados, pois todos, absolutamente todos, dão um show em suas atuações e contribuem com o que há de melhor para o maior espetáculo infantil presencial de 2021.

Miguel Vellinho é o idealizador dessa arte, feita sem luvas, pois com quase duas horas de espetáculo é impossível sentir qualquer desconforto nessa adaptação. Sem luvas, pois mãos potentes sentiram e permitiram pousar suas almas em cada trabalho executado para essa montagem. Miguel faz do espetáculo um Teatro educacional, o que o Brasil realmente mais precisa. Com mensagens explícitas de amor, educação e cuidados com o meio-ambiente, em uma linguagem, indubitavelmente, clara para todos os presentes, independentemente da idade.

“O Dragão” do Armazém da Utopia, “Zaquim”, “Quem Matou o Leão?” (que também estará nessa coluna mesmo apresentado em audiovisual) e “Pinóquio” são obras que desmistificam quem desprestigia ou maldiz o talento que temos em fazer Teatro. Muito ao contrário, esses fazedores de cultura levam os espectadores a esquecerem esses dois terríveis anos que a sociedade atravessou, com perdas imensuráveis. Exatamente por isso, merecem o reconhecimento de todos os brasileiros, especialmente dos que tiveram a sorte de sonhar com eles e puderam esquecer, mesmo por um breve momento, das mazelas que enfrentamos nesse país de artes deslumbrantes!

FICHA TÉCNICA

Texto: Carlo CollodiTexto Adaptado

Música e Direção Musical: Tim Rescala

Idealização e Encenação: Miguel Vellinho

Elenco: Liliane Xavier, Mona Vilardo, Maria Adélia, Marise Nogueira, Marcio Nascimento, João Lucas Romero e Santiago Villalba

Músicos: Tibor Fittel, João Paulo Romeu dos Santos, David Ganc, Rodrigo Revelles

Cenografia: Doris Rolemberg

Figurinos: Kika de Medina

Iluminação: Renato Machado

Bonecos: Eduardo Andrade – Arte5

Visagista: Mona Magalhães

Desenho de Som: Andrea Zeni

Preparação Corporal, Assistência de Direção e Assessoria Circence: Bárbara Abi Rihan

Preparação Vocal: Doriana Mendes e Alessandra Quintes

Assessoria Coreográfica: Cláudia Radusewski

Adereços: Eduardo Andrade, Miguel Vellinho, Lucas Menezes e Gustavo KazContrarregra: Divany de Souza

Operador de Luz: Maurício Fuziyama

Operador de Som: Paulo Alves Mendes

Microfonista: Jamile Magalhães

Sonorização:

Áudio Cênico Cenotécnico: Anderson Batista Dias Veiga

Equipe de Montagem de Cenário: Marco Vilarte e Vagner Pereira Crispim

Equipe de Montagem de Luz: Maurício Fuziyama, Rodrigo Maciel e Rommel Equer

Montagem do Letreiro de Led: Wesley Santos

Costureira da cortina: Nice Tramontin

Confecção da Perna de Pau: Horácio Storani

Assistentes Bonecos e Adereços: Marcely Soares e Joana Damazio

Assistente de Visagismo: Cleber Ferreira de Oliveira

Assistente de Microfonista: Mayra Miranda

Estagiários de Montagem de Som: Mathaus de Oliveira e Wilton Lourenço

Estagiários Pequod: Lucas Menezes e Gustavo Kaz

Programação Visual: Roberta Freitas

Fotos: Renato Mangolin

Filmagem e Edição: Zhai Shichen

Filmagem: João Paulo Casalino

Assessoria de Imprensa: Mônica Riani

Assessoria de Mídias Sociais: Rafael Teixeira

Produção Executiva: Thiago Guimarães

Coordenação Geral e Direção de Produção: Lilian Bertin

Realização: Cia. PeQuod – Teatro de Animação

PINÓQUIO

Temporada até 30/01

Centro Cultural Banco do Brasil – teatro III

  1. Primeiro de Março, 66 – Centro, RJ

Quartas, quintas e sextas, às 19h. Sábados e domingos, às 16h

Classificação etária Livre

Recomendado a partir de 7 anos

Menores de 12 anos entram acompanhados dos pais ou responsáveis.

Ingressos pelo Eventim https://www.eventim.com.br/eventseries/teatro-pinoquio-3027295/

NORMAS DE USO

Caso apresente sintomas compatíveis com a Covid-19, permaneça em isolamento;

Respeite as sinalizações no espaço;

O uso de máscara é obrigatório, não sendo permitido o consumo de bebidas e alimentos no teatro;

Evite contato físico nas áreas de circulação;

A tolerância para a entrada é de 5 minutos após o início do espetáculo.