Menos Misoginia, mais Filoginia

Embora não sejam termos amplamente conhecidos, MISOGINIA e FILOGINIA são assuntos que necessitam ser explorados e difundidos para que possamos fechar essa conta no positivo! Etimologicamente, misoginia vem do grego misogynia, ou melhor, a união de miseó, cujo significado é “ódio” com gyné, tradução para a palavra “mulher”.

Na prática misoginia é representada pelo comportamento machista, que pretende estabelecer e manter desigualdades hierárquicas entre os gêneros por acreditar na superioridade masculina tão difundida pelo machismo. Em suma é um sentimento consciente ou não de aversão patológica pelo gênero feminino.

A origem deste sentimento é uma construção social de séculos. Desde a antiguidade a mulher teve seu corpo e sua estética explorados e supervalorizados, mas seu intelecto no que tange a atuação e o exercício social não eram recorrentes e por isso mesmo pouco foi enaltecido. Se no mundo ocidental os alicerces sociais, políticos e econômicos foram inspirados na Grécia antiga, desde então, a mulher estaria fadada a figurar num segundo plano dentro desses contextos. No entanto, no surgimento das cidades-Estados momento em que foi repetido este tipo de comportamento de soberania masculina, cunhou-se o termo que dá título a esta matéria.

Muito relevante trazer essa temática, uma vez que as perseguições, torturas, os abusos sexuais, mutilações, agressões físicas e psicológicas e também o feminicídio são expressões incontestáveis de misoginia. Ocorre que muitas vezes o homem sente-se desconfortável com a perda do espaço de controle e com os avanços que vem duramente sendo conquistados pelas mulheres. O sentimento patriarcal do homem como chefe de família e como quase que possuidor da esposa, mescla-se ao sentimento de posse que infelizmente está correlacionado ao sexo e faz com que homens justifiquem seus atos misóginos equivocadamente pelos seus pensamentos sexistas. A maioria deles talvez, nem se reconheça como misógino, e para piorar a cultura estrutural de superioridade masculina os faz crer que estão agindo legitimamente.

Talvez as próprias mulheres tenham dificuldade em identificar os misóginos soltos por aí. No entanto, até mesmo através de comentários aparentemente inocentes é possível identificá-los. Tomemos um exemplo de um chefe de Estado, que prefiro não citar o nome, e sua declaração durante uma palestra. Ao referir-se a sua família disse: “Eu tenho 5 filhos. Foram 4 homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”.

Talvez, por desconhecimento do significado do termo, muitas pessoas não consigam identificar, talvez nem o emissor consiga. Mas essa frase é uma afirmação misógina. Deprecia o gênero feminino e coloca o gênero masculino numa posição de superioridade. Fato é, que existe um antônimo para misoginia, e chama-se filoginia. Filoginia é o nome dado ao carinho, amor e respeito ao gênero feminino. Também corresponde a uma tese que defende a equivalência intelectual da mulher e do homem. Ouso dizer que precisamos cada vez mais nos informar, e aprender a identificar e combater a Misoginia e difundir a Filoginia. Para quem sabe assim, fecharmos essa conta de forma mais equilibrada.