Machismo, como cortar o mal pela raiz?

Infelizmente, não é a primeira vez, que me vejo impelida a trazer o tema machismo para este espaço. Em verdade, essa tônica, retroalimentada pela nossa sociedade há séculos, vem sobrevivendo e renascendo a cada violência contra a mulher, a cada desvalorização laboral a que é submetida, a cada feminicídio, a cada julgamento moral, a cada objetifivação sexual, a cada ausência de representatividade, enfim, um coletivo de “ervas daninhas”, que invadem a beleza e a sensibilidade do florescer feminino.

Mas a reflexão que proponho, vai muito além das consequências inerentes ao machismo. Quero convidar meus leitores e leitoras a buscarem comigo respostas mais complexas a perguntas como por exemplo: em que estamos falhando para contribuir com a minimização desse processo? Ou, ainda: apesar dos lentos avanços que estamos tendo, onde e porque nos prendemos ainda a conceitos que em nada contribuem para uma vivência igualitária entre os gêneros?

Não vou negar que percebo esse avanço, quando assisto a um comercial de sabão em pó estrelado por homens, por exemplo. Isso me faz ter esperança em um mundo melhor, porque eu já vi — acreditem, em pleno ano de 2015 —, um rapaz jovem, de vinte e poucos anos pedindo ajuda por não saber ligar a máquina de lavar, para pôr a lavagem de sua roupa em dia, na ausência da mãe…

Segundos dados da ONU, acerca da população mundial e sua distribuição por gênero, a quantidade de homens vem subindo ao longo dos anos, no entanto, há uma distribuição desigual dos mesmos no planeta. No caso das Américas isso não se aplica, por aqui, de acordo com a mesma pesquisa, o número das representantes do gênero feminino se sobrepõe ao masculino. Mais especificamente no Brasil, de acordo com o IBGE, em 2019, foi detectado pela PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), que tratando-se de gênero a população brasileira é composta por 48,2% de homens e 51,8% de mulheres.

Ora, se somos a maioria, como se justifica a persistência do machismo? Será que não reproduzimos esse conceito na criação dos nossos filhos homens? Ratifico que toda mudança só se consuma quando nos apropriamos de nossas responsabilidades pessoais. Quando nos damos conta de que serviços domésticos, obrigações caseiras, devem ser igualmente ensinadas e distribuídas aos nossos filhos, independentemente, do gênero. Que chorar não é coisa de mulher, ser sensível também é coisa de homem e o respeito, esse sim, deverá vir sempre em primeiro lugar.

Não naturalizemos as duplas, ou triplas, jornadas femininas. As responsabilidades devem ser de todos. Façamos cada uma a nossa parte, seja com filhos, com netos, com alunos, ou até com o colega de trabalho ao lado. Assim, quem sabe, estaremos cortando o mal pela raiz, afinal, todo homem brota de um ventre feminino!