Frio no Rio de Janeiro

Frio, para a maioria dos cariocas, é como parente chato na nossa casa: a gente até diz que gosta, mas é ruim de aturar. Não tem sido fácil suportar a estadia desse outono/inverno em nossa cidade.

No fRio de Janeiro, bastou a temperatura baixar um pouco, que nós, cariocas, já colocamos casacos de esquimó, blusão de lã, calças de couro, cachecol e botas para neve. Tudo isso, e muito mais, de uma vez só. Esses dias, andando pelo centro da cidade, vi uma menina usando um monte de roupa e luvas. Eu sou fraco para frio, mas achei exagero.

Outro dia, um sujeito, sem camisa, céu nublado, termômetro lá em baixo, corria pela orla. Esse deve ser um amante raiz do frio, diferentemente desse pessoal nutela, que diz amar o inverno, e no entanto, vive usando o look descrito no parágrafo anterior.

Nesses períodos de frio no Rio de Janeiro, o consumo de brigadeiro de panela, aquele caseiro, sobe 900% ao dia. Não sei como não pipocam vendedores de rua dessa iguaria. Acho que isso não acontece porque está frio demais para ficar na rua vendendo algo — mesmo que esse algo seja brigadeiro de panela.

Até o sagrado chope, tão popular em nossa cidade, deve sofrer com esse frio. As pessoas bebem menos bebidas geladas em dias de temperatura baixa. Eu tento ficar fora dessa estatística, porém, sei que é difícil. Contudo, dá para substituir chope por vinho.

O cheiro de naftalina nos ambientes fechados é outra marca desse tempo marcante. É muito casaco guardado que sai do armário nesses dias frios de outono/inverno. Passeata do orgulho gelado. E tome espirro, que gera mais espirro. E por aí vai. Lá vem gripe.

Para dormir é bom. Edredom é essencial. O difícil é acordar, levantar, ter disposição para as cosias do dia a dia. O rendimento das pessoas no trabalho deve cair nessa época do ano. Eu mesmo vou parar de escrever por aqui, não dá para ficar com as mãos expostas nesse frio. Vou botar mais um casaco e um par de luvas. Luvas de neve.