Espiritualidade e consciência traduzem o Rapper O Limce

Uma amizade que nasceu num grupo de WhatsApp virou disco. O rapper “O Limce” lançou em junho, em todas as plataformas digitais, o EP “Outra dimensão”, que reúne cinco músicas gravadas em parceria com DKetu. O Limce e DKetu se conheceram em 2015 pelo Facebook. Estreitaram laços, trocaram ideias, e algum tempo depois, gravaram a primeira parceria, a música “Eu resisti”. A sintonia foi tanta que, em seguida, vieram mais cinco músicas, agora reunidas no EP e que trazem como tema um assunto não muito comum no meio do Rap: a espiritualidade.

O clipe de “3.ª e 4.ª D” da faixa de trabalho do álbum, também está disponível no Youtube. Gravado antes da pandemia de covid-19, no início de 2020, na província do Quebec, no Canadá, o vídeo traz imagens da gélida cidade de Gatineau, ressaltando os enigmáticos versos da música, que tratam de outras dimensões e de projeção e elevação espiritual.

“Outra dimensão” nasceu do encontro de DKetu, que, assim como O Limce, é um profundo interessado na energia e nos estudos da consciência. A cumplicidade da dupla trouxe inspirações para O Limce compor todas as letras do disco, que, além de profundas, abordam o ser, a consciência humana, o autoconhecimento, o amor, a religião, dimensões etc.

“Desconectado da matéria // Longe de toda a referência daquilo que eu conheço como tempo // Visitei um lugar que em meu consciente julgava desconhecido”.

Na canção “Anseio”, o amor é o tema de destaque. Já em “Muros e Pontes”, O Limce se inspirou na vida diária e no cotidiano dos trabalhadores para trazer versos como:

“Alimento para alma é aquele que ansiamos, por isso nos apetece. // Mesmo que a morte te afronte, mande um recado à Caronte. // Eu procuro vida em abundância, eu mesmo fiz o caminho, vou construindo a minha ponte. // Quem vai à luta, quer vencer, e procura a nascente matando direto nela a sua sede e fome”.

Já em “Casa Pequena”, os atabaques e as referências a religiões de matrizes africanas trazem a bagagem religiosa do rapper, também presente no álbum. “Essa é a música que traz o lado religioso do disco, me inspirei na minha avó e na herança africana da nossa família, na fé, e no lugar de onde eu vim”, diz.

Completa o EP a intensa “Corre”, que traz versos sobre olhar para dentro:

“No íntimo do coração é onde a vida inteira começa. // É o lugar mais terrível ou o lugar mais belo e claro da terra. // O que procura, tá bem dentro de você. // O amor próprio e mais profundo que ainda não pode entender. // Esteja atento a si mesmo e permaneça alerta. // Liberte-se da prisão, porque a porta sempre esteve aberta”.

O Limce nos bastidores do disco. Foto: Yuri Gilbert

Envolvido com estudos da consciência há muitos anos, o rapper DKetu comenta sobre o feliz encontro musical com o parceiro O Limce, que rendeu outro disco, lançado no início desse ano, e que também trouxe muitos esclarecimentos sobre questionamentos espirituais.

“Na vida, a gente se esbarra e a gente se encontra. O meu encontro com O Limce trouxe muitas coisas boas. Aprendi com a bagagem poética dele e achei uma forma de externar tudo o que eu sempre me questionei e quis colocar sobre espiritualidade, um tema que me acompanha desde criança”, conta.

Sobre o tema espiritualidade não estar comumente relacionado ao rap, O Limce acredita que é preciso pensá-lo a partir de outro viés — O rap saiu dos guetos. E, de alguma forma, o que vemos nas letras, esse incômodo, essa preocupação de salvar um amigo perdido, eu vejo como espiritualidade. Essas ações, para mim, são humanitárias e espirituais — conclui.

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Foto do clipe Daniel G. Ferreira