‘Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?’

Quem de nós não se deparou com esta frase durante a infância, em meio a contos e histórias que nos eram contados? O incentivo à busca pela beleza, a formosura das princesas e das mocinhas, tudo isso existe a bem mais tempo do que nossa própria existência. Curioso que a pergunta era feita pela vilã da trama: a “rainha má”! A dona da maior beleza era a princesa da história. O belo é assim, quase sempre associado ao bom!

Vamos crescendo e ouvindo estas crenças aqui e acolá e não nos damos conta do quanto são limitantes! Muitas vezes o homem ou a mulher que nos fariam felizes estão longe de serem belos e a nossa crença limitante pode nos impedir de encontrá-los, ou até de nos permitir conhecê-los. Isto pode nos restringir não somente às realizações no campo da afetividade como também da sexualidade.

Ora, é preciso se reconhecer e se aceitar com aquilo que de fato temos de mais belo: a nossa unicidade! Somos um conjunto de traços únicos, que são combinados de acordo com nossas origens, temos um corpo que é nosso, que nos sustenta, nos carrega, atua minuciosamente para ordenar nossas funções fisiológicas, metabólicas… somos matéria que recebeu um cérebro pensante, temos qualidades e defeitos em medidas e de formas diferentes uns dos outros. Isso é incrível. Esta é a verdadeira beleza: conseguir se aceitar e se amar como se é!

Dito isso, tudo ficará mais fácil, entender que nossa sensualidade e erotismo não podem estar associados a um “corpo belo”. Se tocar, se conhecer, passar creme fazendo uma declaração de amor ao nosso corpo. A ditadura da beleza não pode nos impedir de viver plenamente a vida.

Já ouvi relatos de pessoas que, se comem um pedaço de bolo, malham exaustiva e compulsivamente, carregadas de culpa e arrependimento. Isto não é vida, é escravidão. Em contrapartida, eu mesma que lutei a vida inteira com a balança, já me vi inúmeras vezes comendo por achar que não tinha mais jeito para mim. Não seria nunca como os padrões que me apresentavam!

Recentemente, ao assistir uma propaganda de uma marca de cosméticos, quase me emocionei ao ver uma modelo gordinha, outra com vitiligo, e tenho reconhecido em vários anúncios mulheres que fogem aos padrões ‘esteriotipados’. Como eu gostaria de ter vivido minha adolescência nesta época! Nenhum dos casos é positivo. É preciso que a mulher utilize seu pensamento com o foco na saúde, no bem-estar, sem radicalismos. Que aprenda a ver o que tem dentro de si, e por fora também, com olhos de amor e gratidão ao universo. E desta forma seu espelho lhe responderá: “Não existe! Você é única!”