É para desejar parabéns para quem?

Voltando à vida (quase) normal, tenho ido a encontros, rolés, festas, enfim, ver os amigos. Outro dia, fui a um aniversário na condição de convidado de um convidado. Chegando à festa, antes de tomar minha dose de reforço (uma cerveja bem gelada), perguntei ao amigo: “É para dar parabéns para quem?”.

Quem nunca viveu essa situação que atire o primeiro convite. Faz parte do nosso show. Contudo, é uma condição arriscada. O dono da festa pode não gostar de você ou da audácia do convidador de convidados. A chance de rolar um “Barrados no Baile” é grande. Porém, também existe a possibilidade de um “Curtindo a Vida Adoidado” acontecer. Tudo é sobre com qual filmagem vai parecer.

Eu já fui um convidador de convidados. Levei pessoas para rolés que haviam me chamado, e só, somente só. Já deu certo. Já deu errado. É realmente sempre uma questão de com qual filmagem vai parecer no final. Uma vez, carreguei um amigo para um churrasco de uma amiga. Chegando lá, o malandro, que não conhecia ninguém além de mim, se enturmou de tal forma que pegou a mãe da menina, viúva e cheia de amor para dar.

No entanto, nem tudo na vida é bom como bebedeira e amigos. Em outra oportunidade convidaram um amigo para uma festinha que organizei e o sujeito arrumou confusão com um convidado oficial. Os dois acabaram se entendendo e a festa continuou como se nada tivesse acontecido. Que é o certo.

Convidado de convidado de convidado, eu já dei parabéns para a pessoa errada. No calor da festa lotada, não entendi bem quem era a aniversariante e desejei uma feliz data para outra pessoa. Pessoa que também era convidada de convidado e terminou a noitada discutindo com a amiga convidadora de convidados. Ninguém merece os parabéns sempre.

Tenho um grande amigo que sempre causava uma impressão ruim nos primeiros encontros. Por ser muito chegado, fazer amizade e acreditar na intimidade imediata, ele acabava assustando algumas pessoas. Um quase estranho tão conectado chama mesmo a atenção. Ia com muita sede ao copo. Todavia, no segundo ou terceiro rolé com ele, os meus amigos e os amigos dos meus amigos já estavam amigos dele. Muitos estão até hoje.

Tirando um ou outro deslize, na condição de convidado de convidados, me comportei e fiz amigos e muito mais. Já consegui até uns trabalhos. A única rede de contatos (network é o cacete!) que presta é aquela que é feita sob o efeito de álcool. Mas o mais maneiro disso tudo é, sendo um convidador de convidados, possibilitar novas grandes amizades. Proporcionei isso várias vezes e me orgulho. Mesmo que de vez em quando aconteça uma confusão. Faz parte. Ninguém merece os parabéns sempre.