Divina e Imortal

Carioca, origem humilde, cantora de samba-canção e choro, conhecida como “A Divina”, uma mulher à frente de seu tempo, começou com o enfrentamento ao pai, que se opunha a sua carreira musical. Ela é, simplesmente, Elizeth.

Nascida perto do Morro da Mangueira, o pai tocava violão e a mãe cantava. Já menina, cobrava ingresso dos vizinhos para ouvi-la cantar Vicente Celestino. Quem diria que no futuro seus arranjos seriam musicados por João Gilberto.

A ideia dessa biografia musical cênica da cantora foi de muito bom tom. Espetáculo admirável! Quanta sutileza!

Figurinos sensacionais, seguem adequadamente a elegância da cantora. Fãs contam que Elizeth além de cantar maravilhosamente bem, também chamava a atenção por ter um estilo inigualável. Reinaldo Elias acertou também nos demais figurinos. Vestidos e acessórios bem colocados.

O cortinado remete aos cenários que Elizeth se apresentava na época.

A entrada maravilhosa de Jefferson Almeida, ator altamente preparado, sempre nas salas teatrais cariocas com bons espetáculos, em Elizeth não foi diferente. Uma atuação ponderada, tão bem colocada, às vezes parecia ter vivido naquela época. O trabalho do ator merece destaque, atuando ao lado da grandiosa atriz e cantora Izabella Bicalho.

Falar da Izabella é como falar deste trabalho primoroso e delicado, com doses de glamour, que lhe caíram muitíssimo bem. Tudo muito elegante. Izabella também é a dramaturga desse espetáculo premiado, uma atriz completa, que escreve, atua e canta sem arranhões. Não tão diferente da personagem que também atuou em filmes. 

O texto traz a narrativa da cantora, enquanto chove fora do Teatro João Caetano, na expectativa se seria cancelado o show ou não, a história da vida de Elizeth vem ao encontro do público. Era 1968.

Que lindeza, quanta sintonia da atriz com sua personagem. A direção musical é deslumbrante. Com riquíssimo repertório. Barracão de Zinco (Luiz Antonio e Oldemar Magalhães) confirma a bela trilha selecionada, mas além dessa, Camarim (Cartola e Hermínio Bello de Carvalho), Feitiço da Vila (Noel Rosa), Carinhoso (Pixinguinha) entre outras.

A história de Elizeth é linda. Uma mulher moderna para a época, ao lado da cantora Maisa, que também ia na contramão de uma sociedade tradicional.

Excelente iluminação e cenário leva a plateia ao encontro da estonteante cantora, reconhecida pelos maiores nomes da música popular brasileira como Tom, Vinícius, Cartola, Pixinguinha entre muitos outros, que a admiravam.

A obra desliza diante dos olhos. Dá vontade de assistir novamente!

O momento do carnaval do audiovisual é tão excitante, tudo tão carioca, dá vontade de ser feliz lá fora, mesmo estando todos presos do lado de dentro.

Aproveitem a beleza desse espetáculo para esquecer a realidade que o país atravessa e sonhar com um futuro melhor.

ELIZETH – A DIVINA

Única apresentação

17/4, sábado, às 20h
Teatro J. Safra 
Genêro: Teatro Musical
Classificação livre
Duração: 100 minutos
Valor do ingresso: R$40
Link para compra:

https://www.eventim.com.br/artist/elizeth-adivina/

FICHA TÉCNICA

Idealização: Izabella Bicalho
Dramaturgia: Izabella Bicalho 
Direção: Sueli Guerra
Direção Musical: Tony Lucchesi 
Elenco: Izabella Bicalho, Cilene Guedes, Jefferson Almeida e Dennis Pinheiro
Músicos:  Tony Lucchesi  (piano), Thiago Faria (violão e contrabaixo) e Pedro
Henning (bateria e percussão)
Cenário: Nello Marrese
Figurino: Reinaldo Elias 
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros 
Visagismo: Lucio Matias
Produção executiva: Flávia Primo
Direção de produção: Daniela Santos
Assistente de produção:Fernanda Barichello
Patrocínio:  SKY
Realização: Baile Soluções Culturais 
Coprodução Ibproduções  e Primo 88 Produções
Identidade Visual: Julliana Della Costa
Marketing: Criação Cultura 
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio