Da espera do príncipe ao título de ‘alfa’

O universo feminino foi sempre um espaço aberto e sujeito à fantasia. De certo que a sensibilidade da mulher, sua delicadeza e minuciosidade favorecem o encantamento pela beleza recorrente nas utópicas relações afetivas dos príncipes e princesas. Esta propensão fez com que se construíssem no mundo real falsos simulacros dessa fantasia. E a mulher se viu, quase que obrigada a sonhar com um casamento perfeito, com o véu, o vestido de noiva, a grinalda, o arroz caindo sobre sua cabeça e o carro barulhento arrastando latas. Se outrora o vestuário foi mais erudito e o carro talvez uma carruagem ou outro tipo de locomoção, não importa; o sonho de construir uma família perfeita muito provavelmente era o mesmo. Não que sonhar seja errado, mas fazer deste sonho uma praxe, quase que uma obrigação é um problema.

Todavia, se de um lado a realidade das relações não tem esse nível de perfeição do “foram felizes para sempre”, de outro, existe uma nova mulher nascendo a todo o momento, e em alguns casos esse sonho nem sequer passa pela sua mente. A mulher escuta os contos infantis, embasados nessa felicidade, é permanentemente cerceada de ter desejos que saiam desse padrão, é criada por outras mulheres para servir aos homens, que por sua vez seguem livres para se permitirem, para serem os garanhões, e para aceitarem “os cuidados” da esposa. Talvez por essa razão tenham inclusive estabelecido a infame divisão entre mulheres “para casar” e as “outras”. E neste desencontro, a mulher também sofre quando não se enquadra neste anseio matrimonial.

Entretanto, avanços podem ser identificados e a mulher da atualidade já consegue (pelo menos parte delas) viver independentemente e segura para responder a altura sua escolha até em viver só ou não constituir família alguma.
Precisamos entender o papel da mulher em sua essência, a mulher profissional, a mulher acadêmica, a mulher dona de casa, ou não, a mulher vaidosa, ou não, a mulher que olha pra dentro de si e aprende a exercitar o autoconhecimento para descobrir em sua escala pessoal o que lhe importa mais, para assim, abraçar o que de fato lhe agrada. A mulher que precisa desvincular, ainda que seja um pouco, o sexo do afeto. Precisa separar o afeto do controle. Que necessita entender o que é de fato necessário em um relacionamento: fidelidade sexual ou lealdade aos sentimentos e anseios reais que todo ser humano pode e deve viver? Viver suas escolhas, ainda que tragam momentos difíceis ou dolorosos, pode ser um desafio igualmente encantador!

Este novo perfil de mulher existe! Foi nomeado como “Alfa”. Uma mulher que se mantem no centro de sua atenção, não teme a solidão e encontrou sentido para a vida, lida bem com as mudanças e procura sempre o equilíbrio, reconhece que tem muito a aprender e compreende o amor de forma livre: sem amarras, sem sufocar o outro.
Entre sonhar com um príncipe encantado e poder ser uma mulher alfa todos os contextos são permitidos, desde que realmente, a mulher sinta-se plena e confortável neste papel. O mais relevante disso tudo é a compreensão de que não é obrigada a nada. Ou melhor, deveria sim, empenhar-se incondicionalmente a descobrir o que a faz mais completa!