Carta ao meu sobrinho

João Pedro, no dia que você nasceu, eu estava na praia, tinha ido pedalar, relaxar um pouco. Seu pai, meu irmão Fagner, me mandou um áudio emocionado, chorando, sem conseguir falar muita coisa. Só deu para entender bem que você chorou muito quando saiu de dentro da sua mãe, Thais, e que isso era bom.

Você nasceu numa época esquisita. As coisas por aqui nunca foram grandes coisas, mas, por muitos motivos, andam piores. Porém, sempre tem espaço pra nascer uma esperança de dias melhores. Às vezes, essa esperança nasce até antes da hora, como você.

Quando seu pai falou comigo do seu nascimento, eu também chorei. Um choro bom. De anunciação de vida. De bons ventos chegando, como estava na praia naquele sábado lindo de sol. O mundo pode ser bom, João e você ajuda a torná-lo melhor. Bem melhor.

No dia em que te peguei no colo pela primeira vez, o olhou marejou de novo e, novamente, a sensação de ótimos momentos se fez presente. Igualzinho quando seu pai me mandou uma foto dele com você nos braços, ainda na maternidade. Falei: “Tô chorando”. Ele respondeu: “Imagina eu?”

Escrevendo este texto, está caindo bastante água dos olhos, outra vez, quase a quantidade da praia do Recreio.

Esse mundo que você chegou, moleque, tem muitos problemas, no entanto, pode contar comigo pra viver as coisas boas que ele oferece, que são muitas, também. O seu nascimento é uma delas. E, claro, pra passar pelas ruins, igualmente pode vir com o tio. Você já mostrou que é forte demais, só que toda ajuda é bem-vinda.

O tio tá aqui, pra tudo. Pra rir, pra chorar. Pra vida. Te amo.